A BlackRock parecia viver tempos difíceis. Nas últimas semanas, a Bluebell Capital Partners concentrou esforços contra Larry Fink, CEO e chairman da companhia. A gestora ativista britânica quer uma menor concentração de poder e sugeriu separar as cadeiras de Fink.

Passados alguns dias, a resposta de Fink vem com os resultados trimestrais da BlackRock. Na manhã de sexta-feira, 12 de abril, a gestora reportou que atingiu US$ 10,5 bilhões sob gestão, um recorde na indústria global. Para se ter uma ideia, esse montante é cerca de cinco vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

“Vemos um potencial de crescimento significativo em infraestrutura, tecnologia, aposentadoria e soluções de portfólio completo”, escreveu o chairman e CEO em seu comunicado.

A aposentadoria, aliás, está no centro das preocupações de Fink. Em sua carta anual aos investidores, ele afirmou que o mundo enfrenta uma iminente “crise de reformas” que exige uma reavaliação das aposentadorias e dos padrões de trabalho.

“Concentramos uma quantidade enorme de energia em ajudar as pessoas a viverem vidas mais longas, mas nem uma fração desse esforço é gasta ajudando as pessoas a pagar esses anos extras”, escreveu Fink, que nos últimos anos vinha concentrando suas cartas na preocupação com mudanças climáticas e a responsabilidade das empresas para combatê-las.

No primeiro trimestre deste ano, a BlackRock alcançou um lucro líquido de US$ 1,57 bilhão, uma expansão de 36% sobre o mesmo período de 2023. A receita no mesmo período foi de US$ 4,7 bilhões.

O que explica esse forte desempenho da BlackRock é o desempenho da bolsa de valores nos Estados Unidos - o índice S&P 500 subiu 9% no primeiro trimestre de 2024 - e a popularidade dos ETFs de bitcoin lançados recentemente pela gestora. Em apenas sete semanas, esses fundos de índice bateram os US$ 10 bilhões.

De acordo com o Financial Times, o resultado da gestora superou a expectativa dos analistas consultados pela Bloomberg. O lucro por ação (LPA) de US$ 9,66 também surpreendeu os analistas consultados pela Investing, que registrou nove revisões de LPA positivas e duas negativas nos últimos 90 dias.

Fink destacou no comunicado o crescimento orgânico dos ativos no primeiro trimestre. A entrada líquida de US$ 76 bilhões representa quase 40% do registrado em todo o ano de 2023.

“Com mercados cheios de complexidade e oportunidades, os clientes recorrem cada vez mais à BlackRock em busca de insights e conselhos”, escreveu Fink. “Os clientes estão recorrendo a nós para desbloquear todo o potencial de seus portfólios.”

A receita de consultoria da BlackRock aumentou US$ 32 milhões em relação ao primeiro trimestre de 2023 e US$ 26 milhões em relação ao quarto trimestre de 2023. Os fees de performance cresceram US$ 149 milhões em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

Com valor de mercado de US$ 116,9 bilhões, a ação da BlackRock acumula queda de 2,6% no ano. Em 12 meses, o papel tem alta de 20,6%.