Em novembro de 2022, durante a teleconferência dos seus resultados no terceiro trimestre, a Ânima procurou reforçar a mensagem de que, independentemente das perspectivas, a princípio, mais favoráveis para o setor de educação a partir da troca de governo, estava focada em “fazer sua parte”.

Entre outras questões, essa tarefa incluía uma série de medidas internas para ser mais eficiente e rentável em sua operação. A lição de casa passava ainda por frentes como a redução da alavancagem financeira.

Dois meses depois, o Bank of America parece estar aprovando essa tese. Em relatório publicado nesta quarta-feira, 18 de janeiro, o banco americano elevou a recomendação do grupo brasileiro de educação, de neutra para compraz.

O BofA também revisou o preço-alvo da ação, de R$ 6 para R$ 7, o que representa um potencial de valorização superior a 89% em relação à cotação do papel no fechamento do pregão da terça-feira, 17 de janeiro, de R$ 3,70.

Para justificar a atualização na recomendação, os analistas citaram, por exemplo, que estão mais otimistas com a desalavancagem do grupo. Para eles, esse elemento ainda é um desafio, mas parece estar a caminho de ser equacionado, a partir de frentes como redução das despesas com aluguel; geração de caixa; otimização do uso da capacidade ociosa dos campi e a gestão de passivos.

Outro ponto destacado foi a aprovação pelo board da empresa, em dezembro de 2022, para a emissão de debêntures no valor total de até R$ 800 milhões, ao custo do CDI mais uma taxa de 1,65%.

“Além disso, temos um bom nível de confiança na expansão das margens, que deve vir, principalmente, dos efeitos do mix, com o ensino médico ganhando participação, enquanto o ensino a distância deve ajudar a conter a deterioração das margens”, ressalta o quarteto de analistas liderado por Fred Mendes.

O BofA frisa também que, com a recente gestão do passivo, enxerga potencial para uma redução do custo médio da dívida da Ânima de CDI+2,6% para CDI+2,1%, mais em linha com o índice de 2% registrado por seus pares no setor.

Adicionalmente, conforme incorpora a emissão de debêntures em sua avaliação, o BofA projeta uma relação dívida líquida versus Ebitda para a Ânima em 2023 de 2,7 vezes, também na média do segmento. No terceiro trimestre de 2022, esse índice no balanço da empresa ficou em 3,8 vezes.

“À medida que incorporamos a emissão das debêntures em nosso modelo e assumimos o pagamento da dívida de R$ 635 milhões, com vencimento em 2023, revisamos nossa estimativa de lucro líquido para 2023 em 9%, refletindo o menor custo da dívida”, destaca outro trecho do relatório.

O BofA ressalta ainda que vê um bom ponto de entrada no ativo, com suas ações sendo negociadas com 10% de desconto em relação aos seus pares. E acrescenta que também vê um potencial de valorização a partir de uma eventual retomada do FIES, o programa de financiamento estudantil.

Por volta das 13h, as ações da Ânima estavam sendo negociadas com alta de 9,4% na B3, a R$ 4,05. Em 2023, os papéis acumulam uma valorização de 4,9%. Já nos últimos doze meses, há um recuo de 40,7% na cotação. O grupo está avaliado em R$ 1,5 bilhão.