Corriam os últimos meses de 2020. Na época, com mais de 40 anos de carreira e passagens no comando de empresas como IRB, Mapfre, Zurich e Generali, Antonio Cassio dos Santos se juntou a um pool de sócios para criar a +Pet, com um mantra em mente: sem pressa, mas sem pausa.

Com essa pegada, a empresa começou a testar seu modelo verticalizado de saúde para pets em praças menos concorridas. Desde então, inaugurou dois hospitais em Goiânia (GO) e Brasília (DF), atrelados a um plano de saúde e com estruturas que abrigam ainda laboratórios de exames, farmácias e pet shops.

Depois dessa estreia, a +Pet segue fiel ao seu lema. Mas está disposta a mostrar que não está nesse mercado a passeio. Para isso, vai antecipar sua entrada nas regiões Sul e Sudeste, além de plugar novas ofertas em seu ecossistema, da telemedicina à cremação de animais.

“Ainda estamos dando os passos de acordo com o tamanho das nossas pernas”, diz Cassio, sócio responsável pela +Pet, ao NeoFeed. “Mas esse início da operação trouxe uma boa curva de aprendizado e deu uma velocidade diferente ao projeto.”

Inicialmente, conforme Cassio havia antecipado há seis meses ao NeoFeed, o plano da empresa era chegar a dez hospitais até o fim de 2024, com um investimento projetado de R$ 50 milhões. O percurso traçado para concretizar essa meta era, no entanto, diferente.

“Nosso planejamento era começar a expandir pelo Nordeste”, explica Cassio. “Agora, todo o nosso crescimento virá de Goiás para baixo. Queremos cobrir todas as capitais do Sul e do Sudeste até o fim do ano que vem.”

A +Pet já tem contratada duas aberturas para o segundo semestre desse ano, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em 2024, estão previstos mais dois hospitais na primeira metade do ano e outros três entre julho e dezembro.

Nesse trajeto, a empresa vai encontrar grandes players como a Petz, que atua nesse espaço com a marca Seres, de hospitais e centros veterinários. E o primeiro front dessa batalha já foi escolhido: Campinas (SP), onde no sábado, 20 de maio, a +Pet abriu o seu terceiro hospital.

Instalada em uma área de 800 metros quadrados e com capacidade para 350 cirurgias por mês, a unidade tem 7 consultórios, 70 leitos para internações, 2 leitos de UTI, laboratório e exames como tomografia computadorizada, RX e ultrassom.

“Campinas é um piloto para nossa entrada em São Paulo”, diz Cassio. “É a segunda maior cidade do estado, com uma concorrência já estabelecida. Vamos aprender com essa operação para minimizar os erros quando chegarmos à capital.”

Telemedicina para pets

O fato de ter pela frente uma concorrência mais acirrada fez com que a +Pet escolhesse reforçar sua oferta e seguisse dois caminhos distintos nessa nova etapa de expansão. Ambos passam pela inclusão dos serviços de telemedicina veterinária.

O primeiro deles, que Cassio chama de “mar fechado”, compreende as praças em que a empresa já tem ou terá hospitais, um modelo que, segundo ele, permite ter maior controle sobre a sinistralidade. Nesses locais, a partir de 1º de julho, todos os planos de saúde +Pet darão acesso à telemedicina.

Hoje, a +Pet tem cinco opções de planos, com mensalidades de R$ 99,99 a R$ 274,90. A empresa ainda está definindo o valor da cobertura dos serviços de telemedicina, que serão prestados por sua própria equipe de veterinários.

A empresa está fechando um acordo com um parceiro – de nome não revelado -, que fornecerá os protocolos e, se preciso, um time extra para o atendimento. O serviço está sendo testado há dois meses em Goiânia e Brasília, com um tempo médio de quatro minutos entre o agendamento e a consulta.

Antonio Cassio dos Santos, um dos sócios da +Pet

Já nas regiões em que a +Pet não tiver presença física, ou seja, em mar aberto, a decisão foi criar uma operação apartada, batizada de Telemedicina +Pet. Com cobertura nacional, a plataforma tem previsão de lançamento em setembro.

Os preços da nova operação ainda estão sendo definidos, mas a ideia é dividir essa oferta em dois planos, um com um número máximo de consultas por ano e outro sem essa limitação no volume de atendimentos.

Este serviço será prestado por profissionais da empresa e também por clínicas e veterinários associados a uma plataforma parceira, com a qual a +Pet está em fase final de negociação.

Em outro projeto já em andamento, a companhia programa lançar seu serviço de cremação de animais, batizado provisoriamente de Entardecer, no primeiro semestre de 2024. Para isso, a empresa está buscando fornos de pequeno porte para serem instalados em seus hospitais. “Esse serviço fecha bem o nosso ecossistema e vai ser ofertado como uma opção adicional aos planos que temos hoje”, diz Cassio.

Além dos R$ 50 milhões que serão aplicados na expansão dos hospitais, ele prevê um investimento adicional de até R$ 10 milhões nessas novas iniciativas. Esses aportes serão financiados por recursos dos próprios sócios.

Ao lado de Cassio, a base de acionistas da +Pet conta com Pablo Teixeira e Moisés Carvalho, sócios da Buriti, grupo goiano de empreendimentos imobiliários; Alexandre Pedreira e Manoel Pereira, da GAV Resorts; o médico Leonardo Tolentino; o veterinário Herbert Justo; e o empresário Antonio Bahia.

Atualmente, a empresa tem 10 mil pets segurados e um tíquete médio de R$ 115 em seus planos. A projeção mais conservadora é chegar a 100 mil clientes no prazo de quatro anos.

A +Pet busca morder uma fatia maior de um mercado que, em 2022, faturou R$ 60,2 bilhões no País, alta anual de 16,4%, segundo o Instituto Pet Brasil. Os serviços veterinários cresceram 16,2%, para R$ 5,6 bilhões. Já a venda de medicamentos registrou um salto de 12,5%, para R$ 5,9 bilhões.

O grande nome na disputa por essas cifras é, de fato, a Petz. Recentemente, a Seres fechou 25 centros da sua rede, formada agora por 15 hospitais e 126 centros. Segundo a empresa, o racional da medida foi buscar “melhores patamares de rentabilidade” e estruturar o lançamento de um projeto piloto de plano de saúde nesse ano.

Além de nomes como Plamev Pet e players tradicionais como a Qualicorp, a relação de rivais inclui empresas como a Petlove que, em 2021, assumiu a operação de planos de saúde Pet da Porto e, um ano depois, comprou a Nofaro, que também atuava nesse segmento.