A Brookfield Asset Management levantou US$ 20 bilhões - aproximadamente R$ 107 bilhões - para um fundo que promete ser um dos maiores do mundo dedicados à transição energética, de olho nas oportunidades geradas pela necessidade global de avançar em energia limpa.

A gestora, com mais de US$ 1 trilhão em ativos sob gestão, anunciou na terça-feira, 7 de outubro, que o fundo Brookfield Global Transition Fund II (BGTF II) concluiu o processo de captação, obtendo recursos e compromissos de novos e atuais investidores.

Entre os investidores está a Alterra, fundo dos Emirados Árabes Unidos com US$ 30 bilhões destinados à transição climática, que aportou US$ 2 bilhões no veículo da Brookfield.

O Norges Bank Investment Management, responsável por administrar cerca de US$ 1,8 trilhão do fundo soberano da Noruega, comprometeu-se com US$ 1,5 bilhão. Segundo fonte ouvida pelo Financial Times (FT), a Brookfield Corporation, holding da gestora, deve contribuir com quase um quarto dos recursos.

De acordo com Connor Teskey, presidente da Brookfield Asset Management e CEO da área de energia renovável e transição, o fundo pretende investir em tecnologias capazes de fornecer energia limpa, abundante e de baixo custo, além de soluções de transição que sustentem a economia global.

“A demanda por energia cresce rapidamente, impulsionada pela inteligência artificial e pela eletrificação da indústria e do transporte. Diante desse cenário, precisamos de uma abordagem ampla e diversificada para investimentos em energia, que continue favorecendo recursos de baixo carbono”, afirma Teskey, em nota.

Isso abre espaço para aportes em energia nuclear, como ocorreu com o BGTF I. Esse fundo, que levantou US$ 15 bilhões, adquiriu, em parceria com a produtora de urânio canadense Cameco, a Westinghouse, empresa americana de equipamentos para geração de energia nuclear.

O BGTF II já realizou investimentos que somam US$ 5 bilhões. Um deles foi o fechamento de capital da empresa francesa de energia renovável Neoen, em parceria com a Temasek, gestora de Cingapura com portfólio de US$ 336 bilhões.

O novo fundo foi lançado em um momento de crescente demanda global por ativos de energia renovável, apesar de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter interrompido projetos na área em seu país, classificando o tema como “uma piada”.

Um dos principais vetores de crescimento vem dos data centers, que exigem grande quantidade de energia para operar modelos de machine learning, computação em nuvem e criptoativos.

Estudo de 2024 da Capgemini Research Institute, com base em dados da Agência Internacional de Energia (AIE), revelou que, em 2022, os data centers consumiram cerca de 460 terawatt-hora (TWh) de energia no mundo, 2% da demanda global.

Esse volume, equivalente a 2% da demanda global por eletricidade no período, corresponde ao consumo de um país do tamanho da França, segundo a consultoria.

A expectativa é de que essa demanda aumente com o avanço da inteligência artificial e da digitalização. A Capgemini estima que, até o fim do ano, o volume global de dados atingirá 175 zettabytes (ZB), um salto expressivo em relação aos 33 ZB registrados em 2018.