Depois de anos sendo escanteada por investidores e analistas, a Cielo voltou ao centro das atenções do setor de adquirência, conquistando elogios por suas iniciativas para recuperar suas finanças e ampliar sua liderança entre as companhias de maquininhas. 

O mais recente nome a embarcar no otimismo da empresa foi o Bank of America, que elevou a recomendação para as ações de neutro para compra. O preço-alvo também foi revisado para cima, de R$ 5,60 para R$ 7,40, sugerindo um potencial de alta de 36,5%. 

Em relatório cujo título é "Tarde para a festa, mas não para o depois", os analistas Mario Pierry, Antonio Ruette, Flavio Yoshida e Ernesto Gabilondo avaliam que a Cielo tem apresentado bom desempenho financeiro e suas ações ainda estão bastante descontadas, mesmo que acumulem alta de 135% no ano, enquanto o Ibovespa sobe 12%. 

Segundo eles, a companhia está conseguindo obter bons resultados financeiros com a reprecificação das taxas cobradas nas transações com cartões e iniciativas de ganhos de eficiência. 

Com relação ao último ponto, os analistas do BofA destacaram que a empresa foi assertiva com a venda da MerchantE, então braço de operações nos Estados Unidos, em fevereiro deste ano. Com a operação, ela recebeu um total de US$ 290 milhões e deu um importante passo no enxugamento de sua estrutura, visando reduzir custos. 

Olhando para frente, além desses fatores, os analistas do BofA avaliam que a Cielo aproveitará os efeitos da decisão do Banco Central de estabelecer novos limites para as tarifas cobradas em operações feitas com cartões pré-pagos e de débito. As novas regras entram em vigor a partir de 1º de abril de 2023. 

“Nós estimamos que a nova medida resultará num impacto líquido positivo de R$ 230 milhões na última linha do balanço da Cielo em 2023, considerando os menores custos de intercâmbio em adquirência com cartões de débito e pré-pagos, que serão parcialmente afetados pela perda de receita em operações com cartões pré-pagos e menor receita de intercâmbio para a Cateno”, diz trecho do relatório. 

A partir destas premissas, os analistas do BofA revisaram para cima as projeções para o lucro líquido de 2023. A expectativa agora é de que ela feche o próximo ano com um lucro líquido de R$ 1,5 bilhão, 8% acima do projetado anteriormente e 17% superior ao consenso do mercado. 

A expectativa para a receita líquida em 2023 foi revisada positivamente em 8%, para R$ 12,8 bilhões, enquanto o Ebitda foi elevado em 11%, para R$ 4,7 bilhões. 

No segundo trimestre, a Cielo registrou um lucro líquido de R$ 635,3 milhões, alta de 3,5 vezes em relação ao mesmo período do ano passado. A receita líquida, por sua vez, recuou 9,7%, para R$ 2,5 bilhões, enquanto o Ebitda dobrou, para R$ 1,2 bilhão. 

Por volta das 15h43, as ações da Cielo subiam 3,49%, a R$ 5,64. O valor de mercado da companhia é de R$ 15,2 bilhões.