Braço financeiro e segurador da rede de cooperativas Unimed, a companhia Seguros Unimed agora quer proteger máquina. Com faturamento de R$ 7,5 bilhões em 2024 e proteção de 6,6 milhões de vidas em várias modalidades de coberturas, a empresa começa, ainda neste primeiro semestre, a oferecer seguros para aparelhos médicos, como de ressonância magnética, tomografia e ultrassom.

Nesse modelo de negócio, a seguradora também vai garantir a proteção financeira para clínicas e hospitais no período em que o equipamento estiver em manutenção. O objetivo é que esse novo mercado represente, no fim de 2025, 5% do faturamento da companhia (aproximadamente R$ 375 milhões com base na receita do ano passado).

“Muitas vezes o mercado não olha para essas demandas específicas. E a gente entende que uma iniciativa desse tipo é muito importante. O custo de um equipamento parado é muito grande”, diz Helton Freitas, presidente da Seguros Unimed, ao NeoFeed. “Não há algo, hoje, no mercado que garanta proteção financeira aos prestadores de serviços.”

Em outubro de 2023, a Unimed Participações, a holding do grupo, criou a UniBlue Locações, por meio de uma joint-venture com a BlueHealth, em que detém 51% de participação, para alugar equipamentos e mobiliários médicos. Serão esses aparelhos que a Seguros Unimed vai cobrir.

O horizonte para essa demanda é grande: o sistema Unimed conta com 166 hospitais no Brasil e 120 mil médicos cooperados, muito deles com seus consultórios particulares. Esse é o contingente de potenciais clientes para a seguradora nesse novo segmento.

Atualmente são cerca de 300 equipamentos locados pela UniBlue em centros de saúde, clínicas e laboratórios pelo País. Segundo o presidente da Seguros Unimed, a empresa está em fase de conclusão da precificação do modelo de seguro e de todas as coberturas que serão oferecidas.

Para isso, não é necessário que a clínica ou o hospital já tenha qualquer tipo de seguro oferecido pela Unimed. O novo segmento de mercado deve contribuir para que a empresa chegue a um crescimento de 16,3% de receita em 2025 sobre o registrado no ano passado, o que deve significar um faturamento de R$ 8,7 bilhões.

Criada em 1989, a Seguros Unimed hoje está dividida em cinco áreas: vida, previdência, saúde, odontologia e riscos patrimoniais. A maior fatia da empresa da receita está justamente no mercado de seguro saúde, com R$ 6,16 bilhões (82,13% do total). A companhia também tem uma área de asset, que garante a gestão dos recursos financeiros do sistema Unimed.

Do total de 6,6 milhões de clientes da companhia, a maior parte está no segmento de seguro de vida, com 4,4 milhões. Depois vem o seguro odontológico, com 1,15 milhão de pessoas, e o seguro saúde, com 887 mil clientes.

O Sistema Unimed hoje é composto por 339 cooperativas médicas e responsável por 38% de participação no mercado nacional de planos de saúde. E foi justamente o setor de saúde que mais contribuiu para o crescimento da companhia em 2024. O segmento teve alta de 23,4% no ano passado, principalmente associado ao mercado corporativo.

Helton Freitas, presidente da Seguros Unimed
Helton Freitas, presidente da Seguros Unimed

Ainda que a empresa tenha uma receita consolidada e uma carteira representativa no País, o fato é que ainda há muitas ações para o que setor possa crescer. O grande desafio ainda no Brasil, segundo o presidente da Seguros Unimed, é garantir que mais pessoas compreendam a necessidade de proteção individual e do patrimônio.

Dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) mostram que o mercado segurador brasileiro tem uma participação de apenas 6,4% sobre o Produto Interno Bruto (PIB), quando, segundo Freitas, esse número deveria ser de pelo menos 10%.

Na saúde suplementar, que envolve o seguro saúde e odontológico, hoje são cerca de 50 milhões de brasileiros protegidos por um modelo de proteção particular. Um número que vem se mantendo ao longo da última década.

Para mudar e amplificar esse número, o presidente da Seguros Unimed acha que é necessário que haja mudanças regulatórias que permitam que uma seguradora possa oferecer, por exemplo, um plano apenas de atendimento ambulatório, sem garantia de internação.

“Isso daria a oportunidade de oferecer produtos mais acessíveis à população. O preço está diretamente ligado à cobertura. Poderia ser criado um modelo que daria acesso apenas a consultas e exames, e que certamente interessaria a uma parcela significativa da população”, afirma o presidente da Seguros Unimed.