O balanço financeiro mais aguardado desta temporada saiu. Nesta quarta-feira, 21 de fevereiro, a Nvidia divulgou seus resultados dos últimos três meses de 2023, superando as expectativas do mercado e indicando que a demanda por chips para inteligência artificial permanece forte.

A companhia reportou alta de 265% na receita bruta para US$ 22,1 bilhões e lucro líquido de US$ 12,2 bilhões, 769% superior ao do mesmo trimestre de 2022.

Nos resultados acumulados de 2023, a Nvidia reportou receita de US$ 60,9 bilhões, alta de 126% ante o seu último ano fiscal. Em relação ao lucro líquido do último ano fiscal, o resultado foi de US$ 29,7 bilhões, o que representa uma alta de 581% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em comunicado ao mercado, Jensen Huang, fundador e CEO da Nvidia, afirmou que "a computação acelerada e a IA generativa atingiram o ponto de inflexão" e que "a demanda por poder de computação está astronômica e aumentando em todo o mundo entre empresas, indústrias e nações."

Da receita de US$ 22,1 bilhões no trimestre, uma fatia de 18,4% foi obtida com a divisão de data centers. O negócio cresceu 409% ante o mesmo período do ano anterior. A operação de games, por sua vez, respondeu por US$ 2,9 bilhões da receita trimestral, alta de 56% no mesmo intervalo.

Huang afirma que os negócios de data centers foram impactados por "uma demanda por processamento de dados, treinamento e inerência de grandes provedores de serviços em nuvem e especializados em GPU". Ele também afirma que "as indústrias verticais, lideradas pelas indústrias automóvel, de serviços financeiros e de cuidados de saúde, estão agora num nível multibilionário".

O mercado estava pessimista com os resultados da companhia. As ações da Nvidia fecharam o dia com queda de 2,85%. Com isso,  o valor de mercado da empresa passou a ser de US$ 1,66 trilhão.

No after hours, as ações estavam caindo cerca de 2% poucos minutos antes da divulgação dos resultados. Após a publicação do balanço na SEC, as ações começaram a negociar em alta e estavam subindo mais de 10% por volta das 19h00.

Essa correção pode não estar ligada aos resultados desta quarta-feira, mas também a um ajuste no preço da ação da companhia. Nos últimos 12 meses, as ações da Nvidia dispararam de valor e acumularam alta superior a 220%, elevando o valor de mercado a quase US$ 2 trilhões e superando Alphabet e Amazon (que já a ultrapassaram novamente).

Termômetro

A alta nas ações está ligada aos avanços da companhia em novas tecnologias. Principalmente inteligência artificial. "Microsoft, Apple e Amazon vão ter que comprar os chips da Nvidia para crescer em inteligência artificial", disse Rafael Furlan, sócio da Norte Asset, em entrevista ao Café com Investidor, do NeoFeed.

Os resultados da Nvidia servem como um termômetro para o setor de chips. Concorrente direta da companhia, a Arm viu suas ações subirem 94% nos últimos 12 meses ao também apostar em inteligência artificial em seus chips. A alta deu uma forcinha para a fortuna de Masayoshi Son, o fundador do Softbank.

O grupo japonês, inclusive, estuda captar US$ 100 bilhões para criar uma empresa para rivalizar com a Nvidia e cujo negócio seja complementar à Arm. O valor parece alto, mas é apenas uma gota perto do oceano de ambição de Sam Altman. O CEO da OpenAI quer até US$ 7 trilhões para remodelar a indústria de chips.

Mas nem todos estão otimistas com a Nvidia. Conhecido por embolsar bilhões de dólares ao apostar contra os bancos durante a crise imobiliária de 2008, o investidor americano Michael Burry comprou opções de venda de 100 mil ações de um ETF da BlackRock focado no setor.