A boa fase vivida pelo setor de consórcios, expressa em números cada vez mais expressivos dessa modalidade, tem chamado a atenção não apenas das empresas já tradicionais nesse espaço, mas também de players dispostos a ingressar no segmento e abocanhar parte desse crescimento.

Esse é o caso do Daycoval. O banco da família Dayan é o mais novo nome a investir nessa arena. E, para essa estreia, costurou uma parceria com a Rodobens, empresa que tem justamente o produto como seu carro-chefe.

“Vimos uma oportunidade clara de ampliar nosso ecossistema com um produto que conversa diretamente com o que fazemos de melhor: crédito com disciplina, previsibilidade e foco no cliente”, afirma Carlito Dayan, diretor-executivo do Daycoval, ao NeoFeed.

Superintendente de middle office do banco e responsável por estruturar o projeto, Leonardo Lomovtov reforça o racional por trás desse movimento: “Hoje, esse é um mercado de mais de R$ 400 bilhões, que não dá para desprezar”, diz ele. “E é um produto que nossos próprios clientes começaram a demandar.”

Em números exatos, os consórcios movimentaram R$ 423 bilhões de janeiro a outubro deste ano, alta de 34,9% sobre igual período em 2024, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios. Nessa mesma base, o volume de cotas vendidas cresceu 15,7%, para 4,34 milhões.

“Do nosso lado, essa parceria compõe a estratégia de ampliação de balcões”, afirma Huberto Mazzotti, diretor comercial de consórcios da Rodobens. “Em particular, com o mercado financeiro, que permite que nosso portfólio chegue a um público que provavelmente não conseguiríamos alcançar.”

Nessa linha, impulsionada pela lógica de que o consórcio “está chegando à Faria Lima”, a Rodobens tem firmado outras parcerias estratégicas de distribuição de seus produtos no segmento. Foram os casos, por exemplo, do BTG Pactual, em agosto desse ano, e da XP, em 2024.

O Daycoval começou a avaliar a nova frente no fim de 2023, com o viés de diversificação e de complementaridade ao seu portfólio. E, em 2024, selecionou um grupo de agências e treinou gerentes no interior de São Paulo para começar a testar os consórcios. Foi quando validou o apetite pelo produto.

De olho nessa demanda, sob o ponto de vista da instituição, a parceria com a Rodobens também não envolve exclusividade e pode abrigar, no médio e longo prazo, a distribuição de produtos de outros players desse mercado.

Essa associação inicial com a Rodobens ilustra bem o papel e a relevância que o Daycoval pode ter nesses acordos. Um time de 700 gerentes do banco será responsável pela distribuição, identificação das demandas e explicação sobre os produtos na ponta dos clientes.

A Rodobens vai cuidar da “cozinha” nesse processo. Ou seja, da análise e liberação de crédito, além do atendimento a esse cliente e, claro, do desenvolvimento dos produtos. A ideia, porém, é que, a partir desse portfólio, o banco customize as ofertas em linha com as demandas do seu público.

“Eu olho todos os grupos de consórcio em andamento na Rodobens e faço uma proposta personalizada para o meu cliente, a partir de algumas informações que ele me fornece”, afirma Lomovtov. “Consigo organizar grupos de cotas e valores, em uma oferta combinada. Não é um produto de prateleira.”

O público inicial e prioritário na mira dos consórcios da parceria inclui empresas dos segmentos de middle e corporate do Daycoval. Com isso, a expectativa é de que o tíquete médio das operações fique na faixa de R$ 500 mil.

Até o momento, 46% dos consórcios comercializados pela dupla envolveram automóveis leves, e, outros 12%, veículos pesados. A fatia restante de 42% incluiu a venda de cotas relacionadas a aquisições de imóveis.

Agora, o Daycoval começa a escalar de fato essa oferta em sua rede de agências e junto à sua base de clientes. E, nessa nova etapa, já avalia estender a oferta a pessoas físicas, olhando, em especial, os clientes de alta renda e de investimentos que estão na sua base.

“Nossa projeção é movimentar, no mínimo, R$ 100 milhões com consórcios em 2026”, diz Lomovtov. “Mas esse é um produto complementar. Ainda é muito cedo para dizer o quanto esse segmento pode impactar o resultado do banco.”

Em seu balanço do terceiro trimestre, o Daycoval reportou uma carteira de crédito ampliada de R$ 64,4 bilhões, alta anual de 13,6%. Já o lucro líquido recorrente cresceu 15,8%, para R$ 474,3 milhões, enquanto o retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE) avançou 0,9 ponto percentual, para 24,3%.

No mesmo intervalo, a Rodobens movimentou R$ 2,5 bilhões com consórcios, o que representou um crescimento anual de 40,6%. No acumulado do ano, o segmento cresceu 23,9%, para R$ 6 bilhões. Já na linha de receitas futuras contratadas, a área registrou um volume de R$ 3,2 bilhões.