Em meio às perspectivas de crescimento do setor de seguros do País, que representa menos de 4% do PIB, a equipe de research XP Investimentos anunciou na noite de terça-feira, 2 de julho, o início da cobertura das companhias do segmento, começando pela Caixa Seguridade.
A holding de seguros controlada pela Caixa recebeu a recomendação de compra dos analistas Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, e preço-alvo de R$ 18 para o final de 2025, o que representa um potencial de alta de 26% em relação à última cotação.
Para eles, a exclusividade que a Caixa Seguridade tem nas vendas de seguros com o banco público representa “uma vantagem econômica única, difícil de ser reproduzida”, num momento em que a conscientização sobre a importância de se ter um seguro vem crescendo no País, além da expectativa de aumento das compras de imóveis na população de baixa renda.
“Apesar do crescimento recente, a penetração dos produtos de seguro entre os clientes da Caixa continua relativamente baixa, variando de 0,1% a 3,3%, dependendo do produto específico”, diz trecho do relatório. “Portanto, consideramos o acordo exclusivo de vendas de seguros da Caixa Seguridade com a Caixa como um diferencial significativo, oferecendo oportunidades substanciais de crescimento para a empresa.”
O acordo prevê que a Caixa Seguridade possui o direito exclusivo, até 2050, de acessar a base de clientes da Caixa e explorar a marca e a rede de distribuição do banco, composta por mais de 4 mil agências, mais de 13 mil casas lotéricas e cerca de 9 mil correspondentes bancários, atendendo a um total de 154 milhões de clientes.
Existe ainda a possibilidade de renovação do acordo por períodos sucessivos de 35 anos (ou inferior), enquanto a Caixa Seguridade estiver sob o controle da Caixa.
“Essa vantagem estratégica é crucial, já que as seguradoras vinculadas a grandes bancos de varejo dominam o mercado local de seguros, principalmente devido ao papel significativo do canal de distribuição bancário”, diz trecho do relatório.
Os analistas da XP destacam que a questão do contrato de exclusividade justifica o prêmio sobre o valuation da Caixa Seguridade. Atualmente, as ações da companhia são negociadas a um P/E de 9,9 vezes para 2025, acima dos seus pares, cujo múltiplo médio é de cerca de 7,5 vezes.
Além de aproveitar a capilaridade do banco, o relatório da XP aponta que a Caixa Seguridade possui um modelo de negócios diversificado, abrangendo vários segmentos de seguros, como hipoteca, vida, pensão, títulos de prêmio e outros. De acordo com os analistas, isso oferece diferentes fontes de crescimento, proporcionando um portfólio equilibrado.
“A Caixa Seguridade está exposta a produtos com alta recorrência, como hipoteca e pensão. O seguro hipotecário, com sua duração mais longa alinhada com os empréstimos hipotecários, proporciona estabilidade, enquanto os produtos de previdência geram resultados principalmente a partir de taxas de administração sobre as reservas acumuladas”, diz trecho do relatório.
O fato de estar vinculada ao setor público, portanto sujeito a interferências políticas, é um ponto de atenção, mas os analistas da XP afirmam que a Caixa Seguridade tomou medidas para mitigar os riscos associados à governança.
Além da participação no Novo Mercado da B3, eles apontam que a criação do Comitê de Transações com Partes Relacionadas é uma forma de mitigar possíveis riscos aos acionistas minoritários da Caixa Seguridade.
“A nosso ver, a existência desse comitê tem como principal objetivo garantir que todas as transações envolvendo a Caixa e sua controlada sejam realizadas em condições adequadas”, diz trecho do relatório.
As ações da Caixa Seguridade fecharam o pregão de ontem com alta de 0,28%, a R$ 14,28. No ano, elas acumulam alta de 14,5%, levando o valor de mercado a R$ 42,8 bilhões.