O fim da recuperação judicial, em dezembro do ano passado, parecia representar também o fim dos problemas da Oi e o início de uma nova fase. Mas essa nova etapa ainda tem muitas interrogações antes que a empresa de telecomunicações vire completamente a página.

De acordo com relatório do UBS BB, ainda existem pontas soltas na companhia de telefonia carioca. O múltiplo EV/Ebitda de 15 vezes, por exemplo, está elevado considerando as circunstâncias. Com isso, o preço-alvo das ações ordinárias da Oi foi ajustado de R$ 6,00 para R$ 1,35, uma redução de 77,5% (a recomendação permanece sendo neutra).

Os analistas Leonardo Olmos, André Salles e Lucas Chaves citaram a liquidez como o principal ponto que a Oi precisa solucionar para que sua tese de investimento volte a ser atrativa. Para isso, a conclusão das negociações com os credores é fundamental.

No apagar das luzes de 2022, a empresa apresentou detalhes da proposta direcionada aos credores para reestruturar sua dívida. Ela pede um aporte de US$ 1 bilhão em "dinheiro novo", com a intenção de reduzir sua alavancagem e ter liquidez para as operações no curto prazo.

Os analistas avaliam que a negociação é crucial para as perspectivas de curto prazo, em razão da necessidade de liquidez. O fluxo de caixa livre só deve alcançar o breakeven em 2026.

O modelo considera a entrada de R$ 1,7 bilhão com a venda de 8 mil torres à Highline, em agosto de 2022, e a expectativa de que a Oi terá uma margem Ebitda de 23% no longo prazo.

“Estas projeções sugerem que as negociações com os credores são um fator chave na tese, mas elas serão difíceis, uma vez que começam com uma proposta de redução de 50% da dívida e uma injeção de capital de até US$ 1 bilhão”, diz trecho do relatório.

As negociações são essenciais para o perfil financeiro da Oi, com os analistas do UBS BB citando que ela deixou a recuperação judicial com um endividamento bruto elevado, de R$ 22 bilhões, e que a relação entre a dívida líquida e o Ebitda está em dez vezes.

Além dessas questões, o relatório destaca que o imbróglio jurídico entre Oi e TIM, Vivo e Claro em relação à venda aos serviços de telefonia móvel ao trio, que cobra R$ 3,2 bilhões dos R$ 16,5 bilhões acertados na transação.

Os analistas do UBS BB demonstraram otimismo com relação à V.Tal, estimando um Ebitda de R$ 2,5 bilhões e margem de 40%, acima das expectativas anteriores – R$ 1,5 bilhão e margem de 30%, respectivamente. As mudanças consideram o número de clientes da companhia, que quase dobrou em seis meses, e os efeitos do acordo com a TIM para o uso da rede neutra.

No entanto, o relatório alerta que a Oi ainda terá dificuldades de monetizar sua participação na V.Tal, citando a possibilidade de demora para a realização de um IPO e um eventual impedimento, por parte das autoridades regulatórias, de a Oi reduzir sua participação na V.Tal de cerca de 30% para abaixo de 20%, pelo menos neste ano.

Por volta das 14h15, as ações ordinárias da Oi subiam 3,90%, a R$ 1,33. Em 12 meses, os papéis acumulam queda de 85%, levando o valor de mercado a R$ 830,8 milhões.