No início do ano passado, a XP Inc. elegeu cinco escritórios de agentes autônomos para se tornar sócia e acelerar o processo de transformação em corretora de valores mobiliários. A Monte Bravo é quem está mais próxima desse projeto, ao receber o aval do Banco Central, como mostrou com exclusividade o NeoFeed.
Agora, é a vez de outro escritório, fruto da fusão de três empresas, a entrar no jogo e com um novo nome. Na manhã desta quarta-feira, 8 de fevereiro, os 122 mil clientes dos escritórios BRA Investimentos, BS Investimentos e R5 Investimentos estão sendo comunicados que as marcas deixam de coexistir e todos passam a ser atendidos pela Nomos.
Em janeiro do ano passado, BRA e BS anunciaram uma fusão, mas continuavam com as suas marcas independentes. A associação era percebida da porta para dentro, com integração estrutural, de operações e de processos. Em dezembro, foi a vez da R5 se unir a elas e formar um trio de assessoramento. Com todos os ajustes feitos e o atendimento padronizado, a chave para a Nomos pode ser girada agora no início de fevereiro.
A ideia de batizar a nova empresa como Nomos é que a palavra remete a compartilhar para os gregos. No caso deles, foi uma maneira de condensar o que fizeram até aqui como agentes autônomos: dividir o conhecimento sobre o mercado financeiro para que o cliente pudesse fazer a melhor escolha nos investimentos.
“Nossas equipes estavam em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Joinville, Balneário Camboriú e Curitiba e brincávamos que estávamos disputando campeonatos estaduais. Agora, estamos juntos indo para a Champions League”, diz ao NeoFeed o CEO Rodrigo Imperatriz.
A Champions Legue do mercado financeiro é se tornar uma distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM). Esse processo está em fase de revisão de documentação que será entregue para o Banco Central nos próximos dias. A expectativa é que o aval da autoridade monetária aconteça até agosto, quando a BSM Supervisão de Mercados dará início à visita técnica para a certificação das atividades.
O projeto da Nomos é ser a segunda corretora entre as assessorias Big 5 escolhidas pela XP, antes de Messem, Faros e Blue3. Com R$ 6 bilhões sob custódia, a Nomos é menor em termos de volume financeiro. Porém, a quantidade de clientes sempre foi um ponto fora da curva. A Monte Bravo, por exemplo, tem R$ 32 bilhões sob assessoria e 30 mil clientes.
“Nosso diferencial nunca esteve na custódia, mas no tamanho. Meu foco é ter 1 milhão de clientes até o fim de 2024 e não R$ 30 bilhões”, afirma o CEO da Nomos.
Atualmente, o tíquete médio dos clientes é de pouco menos de R$ 50 mil. Provocado se essa quantidade de investidores não levaria a Nomos para uma casa próxima a R$ 50 bilhões, Imperatriz é cauteloso. “É uma meta agressiva e é preciso ser cuidadoso porque o mercado não está fácil. Vamos buscar as nossas oportunidades”, diz ele.
Produto é igual a receita em casa
Mais que os selos de autorização, a Nomos entra no jogo do desenvolvimento e criação dos próprios produtos financeiros. Hoje, os clientes do escritório acessam apenas o que está na prateleira da XP. Ao se tornar uma corretora, o desenvolvimento da plataforma independe da XP (que continuará sendo a custodiante), algo que tende a deixar mais receita dentro de casa.
Outra vantagem é poder entregar um produto mais próximo do perfil dos clientes da casa. No ano passado, quando a XP adquiriu uma participação minoritária (não relevada), a característica da Nomos, então BRA e BS, era atender traders, ou seja, um investidor de varejo que gosta de realizar operações com ativos. A incorporação da R5 trouxe uma carteira de clientes private. Como corretora, a Nomos pode desenvolver uma plataforma direcionada especificamente ao seu público.
“Pode anotar: em 2023 muitos escritórios vão iniciar esse processo porque querem deixar menos dinheiro na mesa para as plataformas. Mas será preciso convencer o cliente que essa transformação é vantajosa para ele”, diz o sócio de um escritório que não quer passar por essa transformação.
Com a reestruturação das marcas, o organograma da Nomos também foi alterado para cada um dos sócios. Do time da BS, que chegou a ser uma gestora e se converteu em um AAI, Imperatriz, ex-UM Investimentos e Planner, é o CEO; Paulo Hegg (ex-Brasilprev), assumiu a diretoria de pessoas, cultura e negócios; da BRA, Felipe Coelho e Illan Besen (ex-ICAP) respondem, respectivamente, pela diretoria financeira e pela diretoria de investimentos, e Daniel Braga, a diretoria de growth.
Se unem a eles no comando: José Eduardo Novaes, na diretoria de riscos, jurídico e compliance; Rafael Aparício, vindo da Credsystem, como diretor de estratégia, tech e inovação; e Fernando Fonseca, um dos fundadores da Clear, que vai dar o suporte no processo da DTVM.
Todos eles passam a focar no processo de transformação em corretora e em encontrar oportunidades no mercado que ajudem no crescimento orgânico. Não seria surpresa se uma aquisição for concretizada ainda em 2023.