Enquanto fãs do futebol fazem suas apostas sobre quem levará a Copa do Mundo do Catar, que começa no fim de novembro, os analistas do Bank of America voltam seus olhos para a Ambev, para ver se a quarta maior cervejaria do mundo terá desempenho de campeão com a competição. 

Em relatório divulgado nesta quinta-feira, 13 de outubro, os analistas Isabella Simonato, Guilherme Palhares e Fernando Olvera afirmam que o evento deve produzir vendas equivalentes ao volume registrado na Copa de 2014. Mas isso não significa que a Ambev apresentará aos investidores uma goleada em resultados financeiros no período. 

Por conta disso, eles mantiveram a recomendação para as ações da Ambev em neutro, com preço-alvo de R$ 16,00. Os analistas veem ganhos limitados com a Copa do Mundo, com o agravante de que a empresa terá de lidar com inflação de custos e competição intensa em 2023.

A expectativa dos analistas do BofA é de que as vendas fiquem próximas ao volume apurado em 2014. Na ocasião, o Brasil sediou a Copa do Mundo e a Ambev vendeu 1,4 milhão de hectolitros a mais de cerveja, o equivalente a 1,5% das vendas anuais da bebida no País. 

Em 2018, com a competição ocorrendo na Rússia, a Ambev viu um acréscimo entre 500 mil e 800 mil de hectolitros no volume de vendas. O desempenho foi prejudicado pela greve dos caminhoneiros e pelo fato de as partidas terem ocorrido pela manhã no Brasil, prejudicando o consumo. 

Já para a Copa do Mundo de 2022, tudo conspira favoravelmente, “Em 2022, a Copa do Mundo será disputada durante o verão brasileiro pela primeira vez na história, e o Brasil deve jogar a maior parte das partidas às 16h horário local, com os consumidores ocupando os bares”, diz trecho do relatório. 

Esses fatores, combinados com o fato de o preço da cerveja ter recuado mais que a renda da população entre 2018 e julho de 2022, podem fazer com que a Ambev registre um acréscimo de 1,3 milhão a 1,8 milhão de hectolitros em volume de venda no quarto trimestre, segundo o BofA. 

Apesar da projeção positiva, a perspectiva de um aumento das vendas não deve se traduzir em rentabilidade para a Ambev, de acordo com os analistas. Eles afirmam que o evento terá efeitos limitados para o balanço da companhia, citando um aumento dos custos e despesas. 

“Embora isso (o aumento das vendas) seja uma notícia positiva, geralmente vemos um aumento no consumo de latas e que as despesas com marketing aumentam um pouco”, diz trecho do relatório. “Por isso, acreditamos que as vendas adicionais terão efeito marginal, com contribuição limitada para a rentabilidade.”

O BofA estima que a Ambev fechará 2022 com margem operacional de 19,1%, abaixo dos 21,1% de 2021 e 23,5% apurados em 2020. Já a receita deve crescer 13,2% ante 2021, para R$ 82,5 bilhões. No ano passado, ela totalizou R$ 72,8 bilhões, aumento de 25% em base anual. 

Por volta das 12h57, as ações da Ambev subiam 0,87%, a R$ 15,12. No ano, elas acumulam queda de 1,9%, levando o valor de mercado a R$ 238,1 bilhões.