A Americanas está oficialmente em regime de recuperação judicial. Após uma assembleia realizada nesta terça-feira, 19 de dezembro, a varejista informou ao mercado que o plano de recuperação judicial foi aprovado por 91,14% dos credores da companhia que representam 97,19% do valor devido à classe 3.

A assembleia, que começou às 14h e terminou por volta das 20h, quase teve a sessão suspensa devido a introdução de novas cláusulas no plano. Os credores solicitaram mais tempo para avaliar as alterações. Contudo, somente 10,85% dos participantes foram a favor do adiamento.

Sem o adiamento, a assembleia prosseguiu com um quórum de 97,36% dos credores de classe 3 – o que inclui fornecedores e bancos. Esses são os que têm maior exposição à dívida da varejista – R$ 49,9 bilhões dos R$ 50,1 bilhões.

Durante as negociações, a Americanas propôs deságios aos fornecedores que vão de 50% a 80% da dívida e com pagamento entre quatro e 20 anos. Aos detentores de ações foi proposto deságio de 93%.

A aprovação na assembleia já estava sendo prevista. Ontem, a companhia confirmou que recebeu os termos de adesão ao plano do Banco Safra, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia. Anteriormente já haviam sido firmados acordos com Bradesco, Santander, BTG Pactual e Itaú Unibanco.

A maior reviravolta foi a do Banco Safra, que chegou a tentar cancelar a assembleia de credores, mas teve o pedido negado pela Justiça. Com as novas adesões, a companhia iniciou a assembleia desta terça-feira com 60% dos credores favoráveis ao plano de recuperação judicial.

O avanço nas negociações da Americanas com a base credora ganhou tração no mês passado, quando a companhia apresentou os balanços financeiros de 2021 e 2022 revisados. Os documentos levam em conta os efeitos da fraude contábil de R$ 25,2 bilhões.

Em seu plano de recuperação judicial, a Americanas prevê uma injeção de capital de R$ 24 bilhões no negócio. A capitalização ocorrerá com um aporte de R$ 12 bilhões dos acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira com a conversão da dívida aos bancos credores em ações da empresa.

O preço por ação na capitalização ficou em R$ 1,30. O valor é 1,33 vezes o preço médio ponderado por volume das ações na B3 nos últimos 60 pregões à véspera da data da aprovação do plano de recuperação judicial.

Também nesta terça-feira, a Americanas anunciou um novo adiamento da divulgação de resultados. A empresa informou que o balanço financeiro dos três primeiros trimestres deste ano da companhia está previsto até o dia 31 de janeiro de 2024.