Num ano novamente marcado pelo marasmo em operações de renda variável, com uma seca de quatro anos de IPOs, a Cury Construtora anunciou nesta quinta-feira, 4 de dezembro, o lançamento de um follow on que pode alcançar quase R$ 600 milhões. Ainda assim, é pouco para o mercado fechar o ano de forma positiva.

A empresa informou, em fato relevante, que pretende realizar a distribuição pública primária de 16.172.506 ações. O valor por papel será definido no processo de bookbuilding, mas considerando a cotação do pregão anterior, de R$ 37,10, e a venda de todos os ativos, a operação totaliza R$ 599,9 milhões.

A fixação do preço das ações está prevista para 11 de dezembro. A oferta não prevê ações adicionais nem lote suplementar.

O ano foi marcado por poucas operações. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) apontam que, até outubro, o saldo acumulado de follow ons primários somou R$ 4,5 bilhões.

No mês passado, a Cosan levantou R$ 3,2 bilhões em ofertas públicas, dentro da capitalização acertada com BTG Pactual e Perfin, que totalizou R$ 10,5 bilhões.

Mesmo considerando esses valores e a operação da Cury, o volume total de follow ons no ano pode chegar a R$ 8,3 bilhões. Para alcançar o patamar de 2024, de R$ 25 bilhões – impulsionado pela privatização da Sabesp – será necessária uma enxurrada de operações até o fim do ano.

Muitas empresas que recorreram a follow ons o fizeram para resolver questões específicas, enquanto a maioria preferiu emitir títulos de dívida, aproveitando o apetite dos investidores por renda fixa.

A Azul, que levantou R$ 1,6 bilhão em abril, enfrentava dificuldades financeiras que culminaram em pedido de recuperação judicial em maio. Em outubro, a Pague Menos captou R$ 243,5 milhões, principalmente para dar saída parcial à General Atlantic, que reduziu sua participação de 21,1% para 11,3%.

A oferta da Cury tem a peculiaridade de destinar os recursos ao pagamento de dividendos intermediários e intercalares até o limite de R$ 573 milhões, em um momento em que companhias antecipam pagamentos ainda em 2025 devido à nova tributação de dividendos prevista para 2026.

O Itaú e a Vale anunciaram dividendos de R$ 23,4 bilhões e R$ 15,3 bilhões, respectivamente, rendimentos de 5,9% no caso do banco e 5,4% para a mineradora, segundo cálculos da Nord Investimentos.

Para assegurar a participação dos atuais acionistas, a Cury concederá prioridade para que possam subscrever até a totalidade das ações, respeitando o limite proporcional de cada acionista. A expectativa é que o desembolso ocorra até o fim do ano.

O follow on da Cury está sendo coordenado por Itaú BBA, BTG Pactual, Bank of America e Caixa.

Por volta das 12h, as ações da Cury subiam 1,75%, a R$ 37,75. No ano, acumulam alta de 115,8%, levando o valor de mercado a R$ 11 bilhões.