Na última terça-feira, 9 de novembro, a General Electric (GE) divulgou ao mercado que irá dividir suas operações em três empresas independentes e com ações negociadas em bolsa, focadas nos segmentos de aviação, saúde e energia.
Agora, sob o mantra de “dividir para somar”, outra gigante americana está seguindo o mesmo caminho. A Johnson & Johnson anunciou nesta sexta-feira o plano para separar seu negócio de produtos de consumo das áreas farmacêutica e de dispositivos médicos.
Dentro dessa equação, o grupo pretende criar duas companhias listadas e estima concluir esse processo no prazo de 18 a 24 meses. A empresa destacou que o movimento busca dar mais foco, agilidade e velocidade para a alocação de recursos e a adoção de estratégias em cada uma das operações.
Como já havia sido anunciado em agosto, Alex Gorsky deixará o cargo de CEO e será o presidente-executivo do grupo. Ele será substituído por Joaquin Duato, vice-presidente do comitê executivo, no comando da Johnson & Johnson, cuja marca reunirá os ativos farmacêuticos e de dispositivos médicos.
Já no caso da empresa centrada nas ofertas aos consumidores, a Johnson & Johnson informou que tanto o nome da operação como os executivos que irão liderar o negócio serão anunciados “em seu devido tempo”.
“Acreditamos que a nova Johnson & Johnson e a nova companhia de consumo seriam capazes de alocar recursos de maneira mais eficaz para atender pacientes e consumidores, impulsionar o crescimento e destravar um valor significativo”, afirmou, em nota, Duato.
A decisão envolve uma perspectiva, em particular. Hoje, o negócio de consumo, que reúne marcas como Tylenol, Listerine e Band-Aid, tem um portfólio estabelecido, com receita garantida e uma estimativa de ganhos de US$ 15 bilhões em 2021.
A divisão em questão é, porém, menos lucrativa e tem um ritmo de crescimento mais lento. Ao mesmo tempo, esses negócios lidaram recentemente com imbróglios como uma série de ações judiciais, sob a alegação de que o talco e outros produtos da marca causavam câncer.
As demais operações, que incluem a vacina para a Covid-19, já geram bons indicadores e margens, com projeção de receita de US$ 77 bilhões no ano. Entretanto, apresentam mais riscos e são menos previsíveis, por estarem mais ligadas à inovação e a temas como inteligência artificial, terapias genéticas e robótica.
No terceiro trimestre de 2021, a divisão de produtos para consumo gerou uma receita de US$ 5,3 bilhões, alta de 5,3% sobre igual período em 2020. Já a receita da área farmacêutica cresceu 13,8%, para US$ 12,9 bilhões, enquanto o segmento de dispositivos avançou 8%, para US$ 6,6 bilhões.
Além da GE, a trilha da Johnson & Johnson segue outras iniciativas semelhantes na área da saúde. Em 2019, por exemplo, a Pfizer criou uma joint venture com a GlaxoSmithKline, batizada de GSK Consumer Healthcare, para separar justamente seu portfólio de consumo.
No mercado, a reação ao anúncio da Johnson & Johnson vem se mostrando levemente positivo. As ações da empresa estavam sendo negociadas com alta de 1,34% por volta das 12h20. A companhia está avaliada em US$ 435 bilhões.