Desde o início do ano passado, entre idas e vindas, a gestão da Disney vive um clima de guerra com o investidor ativista Nelson Peltz, que vem liderando uma cruzada para conseguir exercer mais influência sobre as estratégias e rumos da companhia.
Após um período de “paz”, o imbróglio ganhou novas cores no fim de 2023, quando Peltz voltou a disparar contra a alta cúpula da gigante de entretenimento. Mas enquanto prepara suas armas para esse combate, em outro front, contra um “vilão” ainda mais antigo, o grupo acaba de selar uma trégua.
O oponente em questão é Ron DeSantis, governador da Flórida, com quem a Disney travava, desde 2022, uma longa batalha judicial pela gestão de Reedy Creek, o distrito em que está instalado o Walt Disney World Resort.
Na quarta-feira, 27 de março, a Disney e uma junta escolhida por DeSantis chegaram um acordo que sugere um “final feliz” para a disputa. A empresa concordou em anular um plano de desenvolvimento, aprovado às pressas, em 2023, justamente para driblar as limitações impostas pelo conselho do governador.
Nos novos termos, a companhia vai seguir um projeto anterior, de menor fôlego, mas que permitirá seguir com o seu plano de expansão do empreendimento com a construção de novas atrações e instalações.
“Temos o prazer de encerrar todos os litígios pendentes nos tribunais estaduais da Flórida entre a Disney e o Central Florida Tourismo Oversight District”, afirmou, em nota, Jeff Vahle, presidente da Walt Disney World.
O executivo acrescentou que o acordo atende os interesses de todas as partes, ao permitir a continuidade de um investimento importante e a criação de milhares de postos de trabalho, diretos e indiretos.
Os problemas entre a Disney e DeSantis têm origem no início em 2022, a partir de um projeto polêmico sancionado pelo governador e que ficou mais conhecido como “Don’t Say Gay”. A lei proibia que temas relacionados à orientação sexual e identidade de gênero fossem abordados nas escolas da Flórida.
Na época, pressionada por funcionários e grupos ativistas, a Disney se opôs publicamente ao projeto. Em resposta, DeSantis nomeou um conselho para supervisionar o distrito, cujo controle havia sido concedido a Disney na década de 1960, dando início às batalhas legais e as trocas de farpas entre as duas partes.
Em 2023, em um dos episódios dessa trama, Bob Iger, CEO da Disney, chegou a afirmar que a onda de retaliações contra a empresa encampada por DeSantis eram “anti-negócios” e “anti-Flórida”, ao colocar em risco cerca de US$ 17 bilhões em novos projetos e “dezenas de milhares” de novos empregos.
As ações da Disney fecharam o pregão de quarta, 27 de março, com ligeira alta de 0,88%. No ano, os papéis registram uma valorização de 33,9% e a companhia está avaliada em US$ 221,9 bilhões.