De Jeff Bezos a Sam Altman, o debate sobre uma possível bolha associada à inteligência artificial vem atraindo, cada vez mais, as opiniões de pesos pesados da tecnologia e dos investimentos. E agora, quem deu sua contribuição nessa discussão foi outro gigante que circula nesses dois mundos.

Fundador e CEO do Softbank, grupo japonês que é um dos principais financiadores do mercado global de tecnologia, Masayoshi Son abordou o tema na segunda-feira, 1º de dezembro, durante o fórum Priority Asia, realizado em Tóquio. E foi bastante direto em seu “pitaco”.

Para o bilionário japonês, dono de uma fortuna estimada em US$ 32,1 bilhões, as pessoas que falam sobre uma bolha relacionada aos investimentos crescentes em inteligência artificial “não são inteligentes o suficiente”, segundo o jornal japonês Nikkei.

“Nos próximos 10 anos, a inteligência artificial representará 10% do Produto Interno Bruto (PIB) global”, afirmou Son. O fundador do Softbank prosseguiu observando que, em termos monetários, isso se traduziria em US$ 20 trilhões por ano.

“Mesmo que US$ 10 trilhões sejam investidos na indústria de inteligência artificial ao longo de 10 anos, o investimento poderia ser estruturado de forma a ser recuperado em seis meses”, disse ele, acrescentando: “É tolice questionar sequer se a inteligência artificial é uma bolha.”

Son também reservou espaço para falar sobre a Nvidia, um dos nomes na dianteira da inteligência artificial. O ponto de partida foi a venda, em meados de novembro deste ano, de toda a participação que o Softbank detinha na companhia de chips, por US$ 5,8 bilhões.

O movimento do grupo japonês surpreendeu o mercado e aconteceu justamente no mesmo mês em que a Nvidia se tornou a primeira empresa do mundo a alcançar o patamar de US$ 5 trilhões em valor de mercado.

“Na verdade, eu não queria vender uma única ação, mas não tive escolha”, disse Son. Ele ressaltou que foi preciso tomar essa decisão para investir em outros projetos de inteligência artificial. Em particular, em outro símbolo dessa onda. “Eu simplesmente precisava de mais dinheiro para investir na OpenAI.”

Como parte dessa estratégia, o Softbank também vendeu parte de sua participação na T-Mobile, operadora americana de telecomunicações, por US$ 9,2 bilhões. Na época do anúncio, que acompanhou o balanço do seu trimestre fiscal, o banco já havia deixado claro suas prioridades.

“Nosso investimento na OpenAI é grande. Este ano precisamos desembolsar mais de US$ 30 bilhões”, afirmou, na oportunidade, Yoshimitsu Goto, diretor financeiro do Softbank. “Então, para isso, precisamos nos desfazer de alguns ativos de nossos portfólios atuais.”

Parte desses recursos ligados à OpenAI envolvem o investimento em um data center da Stargate, projeto de inteligência artificial que une a empresa, o Softbank e a Oracle. Entretanto, há outras apostas do banco nessa vertente além da dona do ChatGPT.

Entre outros movimentos, em outubro, o grupo comprou a divisão de robótica da gigante suíça ABB por US$ 5,4 bilhões, de olho em combinar o potencial da inteligência artificial com a robótica. Antes, em março, o banco desembolsou US$ 6,5 bilhões na aquisição da Ampere, empresa americana de chips.