A Tesla, empresa de carros elétricos do bilionário sul-africano Elon Musk, perdeu US$ 670 bilhões em valor de mercado no período de um ano. A capitalização de mercado da montadora com sede em Palo Alto, Califórnia, caiu o equivalente a 55%, de mais de US$ 1,2 trilhão para US$ 536 bilhões, entre novembro de 2021 - quando suas ações alcançaram o pico na cotação - e novembro de 2022.

Outros dados ajudam a dimensionar a extensão desse recuo bilionário. No S&P 500, apenas Apple, Alphabet, Amazon, Microsoft e Berkshire Hathaway valem mais do que os US$ 664 bilhões que a Tesla perdeu no período.

O tombo da montadora excede os valuations da Johnson & Johnson (US$ 460 bilhões), Exxon Mobil (US$ 457 bilhões) e JPMorgan (US$ 390 bilhões). E equivale a três McDonald's (US$ 201 bilhões), quatro Nikes (US$ 162 bilhões), cinco Netflix (US$ 127 bilhões) ou quase 12 GMs e Fords (US$ 56 bilhões cada).

Dois fatores interligados impulsionaram a queda da Tesla nos últimos 12 meses, de acordo com analistas de Wall Street. Um deles é a conjuntura da economia global, com inflação em alta, aumento das taxas de juros e sinais cada vez mais evidente de uma recessão nos Estados Unidos.

Sob essa perspectiva, muitos investidores estariam se desfazendo das ações da empresa e migrando para outros ativos que oferecem retornos maiores e sem risco num prazo menor, se comparado com a potencial valorização no longo prazo das ações da Tesla.

O segundo fator diz respeito ao comportamento errático de Musk, o homem mais rico do planeta, com uma fortuna avaliada em US$ 209 bilhões. O CEO da Tesla comprou recentemente o Twitter por US$ 44 bilhões e claramente passou as últimas semanas obcecado pelo novo negócio, demitindo milhares de funcionários e remodelando a rede social.

Outro fator que incomodou os acionistas da montadora foi a sua decisão de trocar bilhões de dólares em ações da Tesla para financiar a aquisição da rede social. O receio é de que ele perca o foco ou venda mais ações, o que pode derrubar ainda mais o preço dos papéis da companhia.

Embora o mercado de ações em geral tenha sofrido uma desaceleração nos últimos meses, ficou evidente que a Tesla, teve mais dificuldades do que a maioria, a partir da combinação desses dois elementos.

Nesse contexto, no mês passado, o próprio Musk disse que o Conselho de Administração da Tesla estava considerando seriamente um programa de recompra entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões, o que poderia ajudar a equacionar essa situação. A decisão final, porém, caberá ao board da companhia, que ainda não se pronunciou.