Enauta e 3R Petróleo divulgaram a produção de óleo equivalente em junho, mês em que a fusão entre as empresas de óleo e gás foi aprovada. A Enauta Participações informou que a sua produção total foi de 157 mil barris de óleo equivalente (boe), enquanto a 3R somou 51,8 mil boe.

Não são apenas os números que chamam a atenção. Após ficar mais de um ano fora do radar de cobertura do Citi, a Enauta voltou à plataforma com uma boa possibilidade de extrair upside do papel.

E é justamente a boa perspectiva em relação à fusão com a 3R que fez os analistas Gabriel Barra e Andrés Cardona recomendarem a compra da ação, com preço-alvo de R$ 31,50, valorização de 41,1% em relação ao fechamento da quinta-feira, 12 de julho.

“Consideramos a fusão com a 3R como positiva, pois a nova empresa deverá aumentar a escala operacional, aproveitar sinergias e se posicionar como um dos potenciais consolidadores do setor de óleo e gás do Brasil, podendo impulsionar o crescimento de produção nas plantas de Atlanta, Potiguar e Papa Terra”, afirmam os analistas.

Apesar da visão otimista, os analistas do Citi destacam que existem alguns possíveis problemas na combinação entre as duas gigantes do setor. Para eles, o principal risco pode estar no tamanho do portfólio de projetos que se forma na nova empresa - ambas contam com iniciativas em andamento. Com o maior número de projetos, pode haver uma perda de foco no curto e médio prazos, alertam.

Mesmo assim, as expectativas são de que, se concretizado, o negócio traga um forte fluxo de caixa livre já em 2025.

A fusão, aprovada pelo Cade em 1º de julho, ocorre em um cenário de mudanças no setor de óleo, petróleo e gás. Apesar da alta competitividade vista no segmento, o acordo marca o início de uma tendência de consolidação após anos de surgimento de novos nomes no mercado.

Na visão dos especialistas, isso ocorre, em grande parte, devido ao processo de desinvestimento da Petrobras, onde os players buscam fortalecer suas posições de mercado e aumentar em escala.

Além da fusão, o início do funcionamento do navio-plataforma (FPSO, sigla de Floating Production Storage and Offloading) Atlanta, planta na qual a empresa investiu US$ 1,1 bilhão, também anima os analistas do Citi.

“Tudo está de acordo com o cronograma para alcançar o primeiro óleo do FPSO Atlanta até agosto, mas a atual greve do Ibama pode impactar a programação, como destacado no relatório operacional da Enauta de junho”, afirmam os analistas.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis está em greve desde 24 de junho e, para dar início ao funcionamento do FPSO Atlanta, é necessário ter uma licença de operação que é emitida pelo órgão.

“Embora o Ibama não tenha listado a licença de operação do FPSO Atlanta como um dos projetos afetados, vemos um risco potencial de atraso no projeto se a agência entrar em greve geral. No entanto, não antecipamos um impacto significativo para a Enauta, pois enquanto a greve durar, a Petrojarl deverá continuar a produção”, complementam.

O papel ENAT3 acumula alta de 15,9% enquanto e o RRRP3 sobe 5,8%. O valor de mercado da Enauta é de R$ 15,9 bilhões e o da 3R, R$ 6,6 bilhões.