Em fato relevante divulgado no início da noite de quinta-feira, 28 de dezembro, a Engie Brasil anunciou que seu Conselho de Administração aprovou a venda de uma fatia de 15% detida pela companhia de energia no capital social da TAG (Transportadora Associada de Gás).

O acordo foi firmado com o CDPQ (Caise de Dépot et Placement du Québec), fundo canadense com um patrimônio de 424 bilhões de dólares canadenses (cerca de US$ 321 bilhões), com um preço base de aquisição de R$ 3,1 bilhões.

Dona de ativos de transporte de gás natural no mercado brasileiro, a TAG gerencia uma rede de mais de 4,5 mil quilômetros em 10 estados da região Norte, Nordeste e Sudeste.

No documento, a Engie ressaltou que, efetivada a transação, permanecerá como acionista da TAG, passando a ser titular direta de ações de emissão representativas de 17,5% do capital social da companhia.

Com a expectativa de concluir o negócio até o fim de janeiro de 2024, a empresa de energia também reforçou que seguirá vinculada ao acordo de acionistas da TAG, mantendo o grupo de controle atual, em conjunto com a própria CDPQ e a GDF International.

“A transação está alinhada aos planos de investimentos da companhia em renováveis e transmissão de energia, possibilitando uma melhor alocação de capital nesses dois segmentos, que estão no centro da nossa estratégia de crescimento”, afirmou, na nota, Eduardo Sattamini, CEO da Engie Brasil.

Sob essa ótica, um dos movimentos recentes e de maior fôlego da companhia envolveu a compra de cinco parques solares da Atlas. O acordo foi divulgado no fim de outubro, no valor de R$ 3,24 bilhões, cifra que inclui um endividamento líquido de cerca de R$ 971 milhões.

Os cinco ativos estão localizados na Bahia, Ceará e Minas Gerais, e somam uma capacidade instalada de 545 megawatts corrente alternada. A transação reforçou a meta global da Engie de alcançar 50 gigawatts (GW) de capacidade em renováveis até 2025 e 80 GW em 2030.

Parte dessa equação, o mercado brasileiro conta ainda com outros projetos em direção a esses objetivos. No País, a empresa está investindo R$ 10 bilhões em três projetos de energia renovável, dois de energia eólica e um de solar.

No fato relevante de hoje, Eduardo Takamori, CFO da empresa, ressaltou que o desinvestimento parcial na TAG é uma opção atrativa para “implementar uma rotação de ativos”, justamente diante desse pipeline de projetos, “sem aumentar a pressão sobre a alavancagem, ratings e payout da companhia”.

Já Emmanuel Jaclot, vice-presidente executivo e chefe de infraestrutura da CDPQ, destacou, também em comunicado, que a TAG apresentou um forte desempenho desde o investimento inicial do fundo na operação, em 2019.

“O anúncio de hoje é consistente com nossa estratégia de infraestrutura: nesse caso, reinvestir em uma empresa de portfólio com ativos bem contratados, liderada por uma equipe de gestão experiente, e no Brasil, um país onde pretendemos seguir aumentando nosso portfólio nos próximos anos”, observou o executivo.

Em linha com essa afirmação, a CDPQ fechou outros acordos recentes no País. Em novembro, por exemplo, o fundo desembolsou R$ 714 milhões na aquisição da Intesa, rede de transmissão de energia nos estados de Goiás e Tocantins, que pertencia à Equatorial.

Entre outros investimentos locais, o CDPQ tem participações em operações como a Ivanhoé Cambridge, outra empresa canadense que mantém diversos projetos de real estate no Brasil, e a Prologis, de galpões logísticos.

As ações da Engie Brasil encerraram o pregão de hoje na B3 cotadas a R$ 45,33, alta de 0,20%. No ano, os papéis registram uma valorização de 19,6%. A empresa está avaliada em R$ 36,9 bilhões.