Fruto de um spin-off da brasileira Embraer, a Eve é um dos nomes que estão desbravando globalmente o mercado ainda em gestação das aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL). Ou, como também são conhecidos, os “carros voadores”. E acaba de ganhar um novo impulso para levantar voo.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a aprovação de um novo financiamento de R$ 200 milhões na terça-feira, 9 de dezembro, para apoiar o desenvolvimento dos projetos da empresa.

A nova cifra inclui R$ 160 milhões do Fundo Clima e outros 40 milhões da linha Finem. Os recursos serão aplicados no desenvolvimento de soluções para o mercado de Mobilidade Aérea Urbana (UAM) e na fase de integração e funcionamento dos motores elétricos da primeira aeronave em certificação da Eve.

Parte desse montante incluído no financiamento também será destinada à preparação da aeronave para a campanha de testes para obtenção da certificação necessária junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

“O BNDES tem todo o interesse em apoiar um projeto que já tem 2,8 mil pedidos de encomenda de clientes em nove países”, afirmou Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, em nota divulgada pelo banco.

O CFO da Eve, Eduardo Couto, complementou: “Esse financiamento acelera uma etapa crítica do nosso programa: a integração do sistema de propulsão elétrica, que garantirá desempenho, segurança e confiabilidade à nossa primeira aeronave certificável”.

O eVTOL da companhia terá capacidade para quatro passageiros, além do piloto. Com alcance de 100 quilômetros, a aeronave contará com oito motores elétricos elevadores nas asas, ampliando seu nível de segurança e controle para o voo na vertical, e um motor na área traseira, para navegação horizontal.

Com o financiamento divulgado hoje, o BNDES chega a um total de R$ 1,2 bilhão em crédito já concedido à Eve. Esse roteiro teve início em outubro de 2024, quando o banco aprovou uma linha de R$ 500 milhões para a empresa desenvolver a unidade de produção da aeronave, em Taubaté (SP).

Em dezembro do mesmo ano, foram aprovados outros R$ 200 milhões para o desenvolvimento de protótipos do eVTOL. Já em agosto deste ano, o BNDES anunciou um investimento de US$ 74,9 milhões (R$ 405,3 milhões) na Eve, como parte da estratégia de retomada da BNDESPAR em renda variável.

Criada em outubro de 2020, como um spin-off da EmbraerX, braço de inovação da Embraer, a Eve abriu capital em 2022 na Bolsa de Nova York, por meio de uma fusão com a Zanite, uma Special Purpose Acquisition Company (SPAC).

Já em agosto deste ano, a Eve também listou suas ações, por meio de BDRs, na B3, sob a ótica de diversificar sua base acionária e fortalecer sua estrutura de capital para desenvolver seus projetos. O anúncio de hoje foi feito na bolsa de valores brasileira, com o tradicional toque na campainha.

Em seu balanço mais recente, referente ao terceiro trimestre, a Eve reportou um prejuízo líquido de US$ 46,9 milhões, contra uma perda, um ano antes, de US$ 35,8 milhões. A empresa também divulgou uma carteira de 2,8 mil pré-encomendas de suas aeronaves, avaliada em US$ 14 bilhões.

Na Bolsa de Nova York, as ações da Eve fecharam o pregão da segunda-feira, 8 de dezembro, com ligeira queda de 0,98%. A companhia está avaliada em US$ 1,67 bilhão.

As BDRs da empresa, por sua vez, estavam sendo negociadas com um recuo de 1,17% na B3 nesta terça-feira, por volta das 11h35, cotadas a R$ 27,08 e dando à companhia um valor de mercado de R$ 9,4 bilhões.