Primeira empresa brasileira a obter o aval para entregas com drones em caráter comercial, a Speedbird Aero usou esse passaporte para levantar voo e chegar a dez países com suas aeronaves. O próximo destino da startup, porém, é o Brasil e envolve novas escalas para a sua operação.

A Speedbird Aero, agora, está lançando a BIRDS, uma joint venture com as israelenses High Lander Aviaton e Cando Drones em que cada uma das sócias terá um terço da nova companhia, em informação antecipada com exclusividade ao NeoFeed,

Fruto dessa conexão com Israel, país que marcou a primeira incursão internacional da Speedbird, a BIRDS vai oferecer consultoria, drones (não apenas da brasileira), e softwares de gestão de frota e controle de espaço aéreo, além de manutenção, suporte e treinamento para a operação das aeronaves.

“Nosso foco sempre foi a logística e delivery, mas começamos a ser demandados em outras áreas à medida que avançamos”, diz Manoel Coelho, cofundador e CEO da Speedbird, ao NeoFeed. “Até que tomamos a decisão de seguir esse caminho, mas com a noção de que seria muito complexo fazermos isso sozinhos.”

O foco inicial da BIRDS é o segmento de segurança, vigilância e monitoramento. Segundo a consultoria americana Fact.MR, o uso de drones nessas áreas movimentou US$ 5,5 bilhões em 2023 globalmente. E a projeção é de que esse mercado chegue a um total de US$ 21,1 bilhões em 2033.

De olho em uma fração dessa cifra e na disputa local com nomes como Aeroscan e AeroGuard, a BIRDS teve origem no contato inicial dos três sócios no National Drone Delivery Network Program, projeto do governo israelense. A Speedbird é a única empresa estrangeira participante.

Hoje, em Israel, todas as aeronaves operadas pela Cando - empresa fundada em 2019, por ex-militares - levam a marca da startup brasileira. Já com a High Lander, a Speedbird Aero compartilha, entre outras parcerias, um projeto de transportes de carga para navios em portos de Cingapura.

“Essas parcerias foram a semente para o nosso projeto”, diz Léo Szterenzys, CEO da BIRDS. “Agora, as três juntas podem ampliar o leque, sendo que cada uma está contribuindo com a sua especialização e conhecimento de mercado.”

Além dos drones desenvolvidos pela Speedbird Aero, a High Lander Aviation será a responsável pelos softwares embarcados na oferta e a Cando Drones, cuja atuação envolve desde aeronaves menores até equipamentos de carga, com diferentes aplicações, pelos serviços relacionados à operação na ponta.

A ideia é avançar com projetos customizados para cada cliente. Entre outros recursos, os sistemas permitem “pilotar” os drones a partir de um centro de controle e compartilhar as imagens em tempo real. Essa aplicação é usada, por exemplo, para monitorar manifestações ou a movimentação de cargas.

É possível também controlar os espaços aéreos – sejam eles uma fábrica ou de maior dimensão, como um porto -, definindo automaticamente áreas ou faixas de horários em que os drones não podem operar, além de identificar eventuais interferências de aeronaves de outras categorias ou helicópteros.

“Você não pode sobrevoar, por exemplo, refinarias e áreas de preparação de explosivos”, diz Szterenzys. “Isso já é regulamentado, mas é difícil de ser implementado. Depende do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) ou do fabricante, que nem sempre têm braços para isso.”

Léo Szterenzys (terceiro à esq.), Manoel Coelho (terceiro à dir.) e os demais sócios da BIRDS

Com esse portfólio, a empresa também já é um dos nomes participantes de um projeto do DECEA para criar versões brasileiras de sistemas de controle de tráfego aéreo voltados aos drones.

À parte dessa iniciativa, o plano inicial da BIRDS é focar na área de infraestrutura, em segmentos como portos - para inibir práticas como contrabando - óleo e gás, energia, saneamento e mineração, além de indústrias em geral e do setor público, com secretarias de segurança e órgãos de defesa civil.

“Em infraestrutura, as empresas já têm uma visão mais definida desse segmento e um parque instalado”, afirma Szterenzys. Na conta da BIRDS, a base instalada desse segmento no Brasil gira em torno de 2 mil a 3 mil drones.

Boa parte das aeronaves em operação no País - pouco mais de 100 mil - é adotada pelo agronegócio, para pulverização e levantamento topográfico. Aqui, porém, a BIRDS entende que o terreno mais fértil são projetos para fazer a segurança dos caros equipamentos usados no setor.

Da mesma forma, já existem conversas com empresas de transporte rodoviário para iniciativas de prevenção de roubo de carga. Em todos os setores, os potenciais clientes estão sendo trazidos tanto pela Speedbird Aero como pelas duas sócias, que já vinham prospectando o mercado local.

“Já temos um pipeline de pelo menos dez projetos”, diz Szterenzys. “Em quatro deles, as propostas já estão ‘na rua’, precificadas e em estágio mais avançado.”

Apesar de o Brasil ser o ponto de partida da operação, a BIRDS já começa a tatear outras fronteiras. “Já temos projetos engatilhados no Uruguai e na Argentina”, diz Coelho, que acrescenta ainda a Colômbia, o Chile e o Paraguai a esse mapa.