O empresário Marco Stefanini, fundador e CEO do grupo Stefanini, um dos maiores conglomerados de tecnologia do Brasil, já comprou mais de 30 companhias para incrementar o portfólio da empresa. Até quando está em férias, não perde a chance de “adquirir mais uma”.

Pode parecer piada, mas não é. Recentemente, antes de ir para o Japão para descansar, fez uma escala em Turim, na Itália. De lá, saiu com um contrato praticamente assinado, que acaba de ser concluído e revelado com exclusividade ao NeoFeed. A Stefanini comprou a italiana Solve.it.

Trata-se da primeira aquisição do grupo, hoje presente em 41 países, na Itália. A Solve.it é uma espécie de Stefanini italiana, mas com uma presença puramente local, servindo as principais empresas do país da bota. Com a compra, a Stefanini passará de 100 funcionários no país para 300.

“Agora teremos uma presença local forte”, diz Marco Stefanini ao NeoFeed. O valor do negócio não é revelado, mas o empresário diz que, com a aquisição, somado ao crescimento das operações no Velho Continente, o faturamento do grupo na região passará dos 200 milhões de euros neste ano para 260 milhões de euros em 2024.

“A operação da Europa é a que mais tem crescido neste ano. Saltou 35% em relação ao ano passado”, afirma. O que explica esse salto é também a conquista de grandes clientes globais como a empresa de tabaco americana Philip Morris e a empresa alemã de produtos químicos Evonik.

Enquanto isso, o grupo, como um todo, deve faturar pouco mais de R$ 7 bilhões neste ano, num crescimento de 21% em relação ao ano passado. “Esse é um ano de menor crescimento para a indústria de tecnologia, e estamos crescendo acima da média do setor, que é de um dígito”, diz Stefanini.

A estratégia da companhia é focar em uma entrega global, mas países como Espanha, Itália e Portugal têm características mais parecidas com o Brasil. “Faz parte da cultura local ter uma presença mais forte no país”, diz Stefanini. Por conta disso, nos últimos dois anos, o grupo passou a buscar empresas para comprar nesses países.

A Itália já era um país onde a Stefanini atuava com clientes globais. Mas carecia de um centro de serviços baseado lá para atender companhias italianas. A Solve.it tem escritórios em Turim, Bologna e Milão. Além disso, o norte da Itália é uma das regiões mais industrializadas da Europa, como Fiat, Magneti Marelli, Lavazza, Ferrari, entre outras. Fazia todo o sentido estar bem-posicionada lá.

A Solve.it se encaixou como uma luva. Como a empresa tem como clientes grandes conglomerados italianos, como bancos, montadoras e players do agro, a ideia é usar a capilaridade da Stefanini e oferecer para estes grandes grupos serviços em outros países. Fundada em 2003 e fruto de outras quatro aquisições na Itália, a empresa conta com 30 clientes italianos.

A partir dessa aquisição, a tendência é a marca mudar para Stefanini ao longo do tempo, mas o management será mantido. Afinal, a característica local e o relacionamento com os clientes precisam ser preservados. “Mas vamos agregar mais produtos no portfólio da Solve.it”, diz Stefanini.

Hoje, a Stefanini conta com 4 mil funcionários na Europa e 31 mil funcionários ao redor do globo. Há poucos anos, o Brasil representava mais de 50% de seu faturamento. Hoje, representa 45%, numa clara demonstração do aumento de capilaridade.

“A nossa filosofia foi sempre distribuir os ovos em várias cestas. Tanto do ponto de vista de região como de oferta”, diz Stefanini. Esse ano, pela primeira vez na história do grupo, a região da Europa vai crescer mais do que as demais, como Latam e Estados Unidos. Por isso, Stefanini tratou de “distribuir mais ovos” na Itália. E avisa sobre novas aquisições. “Mais duas devem sair neste ano. Mas não na Europa.”