A operadora de telefonia Vivo está negociando a compra do provedor de internet de fibra óptica Desktop, apurou o NeoFeed. O acordo envolve toda a operação da Desktop, que está presente em 184 cidades do Estado de São Paulo e tem mais de 1 milhão de assinantes.

Vivo e Desktop mantêm conversas há bastante tempo. E as negociações já tiveram muitas idas e vindas. Agora, as duas empresas avançaram para um acordo, embora não há garantias de que o negócio será fechado.

Segundo uma fonte a par das conversas, as duas empresas negociam um prêmio sobre o valor de tela das ações da Desktop, que fecharam cotadas a R$ 13,65 na quinta-feira, 23 de maio.

Negociada na B3, a Desktop está avaliada em R$ 1,6 bilhão. Os papéis da companhia (DESK3) avançam 2,25% em 2024, mas estão sendo negociados com uma queda de quase 42% em relação ao preço do IPO, realizado em julho de 2021, quando captou R$ 715 milhões.

Em agosto do ano passado, a Desktop contratou o Bank of America (BofA) para vender sua rede de fibra óptica, tentando seguir o modelo da Oi, que negociou sua infraestrutura para fundos geridos pelo BTG, o que deu origem à V.tal.

Se conseguir comprar a Desktop, a Vivo pode dar início a um processo de consolidação das grandes teles no setor de empresas de internet de fibra óptica, uma área em que conta com diversos players com apoio de fundos de private equity.

A maior dessas companhias, não ligada a grandes empresas de telefonia, é a Alloha Fibra, controlada pela eB Capital. Depois vem a Vero/America Net, que se uniram recentemente – as duas têm como acionistas a Vinci Partners e a Warburg Pincus.

Com o negócio, a Vivo reforçará sua operação de fibra no Estado de São Paulo, região em que conta com 6,3 milhões de assinantes (o número inclui clientes de capitais brasileiras) e tem 26,6 milhões de casas passadas com a tecnologia (e que podem se tornar clientes).

No primeiro trimestre de 2024, a Vivo expandiu sua rede de fibra óptica para 2,4 milhões de novos domicílios, conquistou 697 mil clientes e chegou a 7 novas cidades. Hoje, está presente em 443 cidades.

A Vivo é também sócia da FiBrasil, uma joint venture com o fundo de pensão canadense CDPQ, que está construindo sua infraestrutura de fibra óptica nas regiões onde a empresa do grupo Telefónica não atua. Hoje, a Vivo vende sua seus serviços de fibra óptica no Estado de São Paulo e nas capitais – com exceção de Manaus, Belém e São Luiz.

A Desktop, por sua vez, tem toda sua operação concentrada no Estado de São Paulo. No primeiro trimestre de 2024, a empresa teve uma receita líquida de R$ 268 milhões, alta de 21% sobre o mesmo período do ano passado. O lucro líquido ajustado foi de R$ 43 milhões, um crescimento de 67% em comparação a 2023.

A dívida líquida da Desktop é de R$ 1,354 bilhão, o equivalente a 2,5 vezes o seu Ebitda. Aproximadamente 15% desse valor têm vencimentos em 2024.

Um impasse a ser resolvido é o recente acordo assinado pela Desktop com a TIM Brasil para usar a rede da empresa de telefonia da Telecom Italia para vender serviços de telefonia celular a sua base de assinantes.

Pelo acordo, a Desktop se torna em uma operadora virtual (MVNO). O serviço foi lançado nas cidades de Araraquara, Hortolândia, Sumaré e Taubaté.

Procurada, Vivo informou que não vai comentar. Após a publicação dessa reportagem, a Desktop informou que não iria se pronunciar.