A consolidação dos provedores de internet de banda larga baseado em fibra óptica está ganhando um novo capítulo. A Desktop, um provedor de internet que atua no interior de São Paulo, mandatou o Bank of America (BofA) para vender sua operação de fibra óptica, fontes disseram ao NeoFeed.

A ideia da Desktop, que captou R$ 715 milhões em sua abertura de capital em 2021, é seguir um modelo semelhante ao que a Oi fez ao vender sua rede de fibra para fundos geridos pelo BTG Pactual, que deu origem a V.tal.

Neste momento, o BofA está contactando potenciais interessados no ativo. A oferta está ainda em uma fase bem inicial.

A Desktop é dona de uma rede de 54 mil quilômetros de fibra óptica no estado de São Paulo e sua infraestrutura atinge 4,2 milhões de casas em 183 cidades.

No modelo proposto, a Desktop vai fazer uma cisão de sua operação. De um lado ficará a InfraCo, com a rede de fibra óptica. De outro, a ClientCo, que manterá os quase 1 milhão de clientes de banda larga da Desktop.

O plano inicial é vender 100% da InfraCo para uma empresa estratégica ou um investidor. A ClientCo, por sua vez, faria um contrato de longo prazo com a empresa para o uso da infraestrutura.

“Não existe nenhuma rede neutra no estado de São Paulo com a penetração da Desktop”, diz uma fonte. “Esse é um ativo que pode interessar desde a V.tal até a FiBrasil, como também outros provedores”.

O modelo de rede neutra tem ganhado tração no mercado brasileiro. A V.tal, hoje comandada por Amos Genish, tem uma rede de mais de 400 mil quilômetros de fibra, mas sua presença é tímida em São Paulo.

A FiBrasil, uma joint venture da Telefônica/Vivo com o fundo de pensão canadense CDPQ, está construindo sua infraestrutura de fibra óptica neutra nas regiões onde a Vivo não atua. No estado de São Paulo e nas principais capitais brasileiras, a Telefônica/Vivo atua com sua própria rede.

Esse é mais um movimento do mercado de provedores de internet, que deve passar por intensa consolidação. Em julho, a Vero, da Vinci Partners, e a Americanet, do Warburg Pincus, se fundiram, criando um provedor de internet de R$ 1,7 bilhão e mais de 1,4 milhão de assinantes.

A Alloha, que tem como controlador a eB Capital, já tentou no passado fazer um movimento semelhante e sondou o mercado para separar a sua operação, vendendo a infraestrutura de fibra. O negócio, neste caso, não avançou.

A Desktop está avaliada em R$ 1,8 bilhão na B3. Neste ano, suas ações sobem mais de 100%. Em relação ao IPO, de julho de 2021, os papéis têm queda de mais de 30%.

No primeiro semestre de 2023, a Desktop faturou R$ 468 milhões, alta de 44% em comparação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido de R$ 58,8 milhões, nos seis primeiros meses de 2023, foi 253% maior.

Procurada, a Desktop não quis fazer comentários para essa reportagem.