A disputa entre Alberto Safra e sua família envolvendo o patrimônio deixado pelo patriarca da família, Joseph Safra, morto em 2020, com direito a processo nos Estados Unidos, chegou a uma resolução amigável, com encerramento das ações e arbitragens.

Em comunicado divulgado no fim da manhã de sexta-feira, 19 de julho, a família Safra informou que as partes chegaram a um acordo, que prevê que Alberto desinvestirá de seus interesses no Grupo J. Safra e perseguirá seus interesses empresariais através da ASA, gestora de recursos que lançou em 2020 e conta com cerca de R$ 2,9 bilhões em ativos sob gestão.

As partes também concordaram em encerrar todos os processos judiciais e arbitrais pendentes em todas as jurisdições. Os termos financeiros e outras condições do acordo não foram divulgados.

“Estamos satisfeitos em deixar esse assunto para trás e reafirmar nossos laços familiares. A resolução que alcançamos nos permitirá perseguir nossos respectivos interesses empresariais de maneiras que ajudem a garantir que o sucesso de cada membro da nossa família seja motivo de satisfação compartilhada”, dizem, no comunicado, Vicky Safra e seus filhos.

Na mesma nota, Alberto afirma que “após esclarecimentos, entendi que não houve irregularidades, e que o patrimônio do Sr. José [Joseph] foi devidamente distribuído de acordo com seus desejos”.

Quando faleceu, Joseph Safra deixou um patrimônio na casa dos US$ 20 bilhões. Conhecida pela discrição, a família viu a disputa começar a se tornar pública antes da morte do patriarca, em 2019, quando Alberto deixou o Banco Safra por conta de desavenças a respeito da condução da instituição financeira com seu irmão David, segundo notícias à época.

Além de acionista, Alberto ocupava uma cadeira no conselho de administração e respondia pela área de negócios com empresas.

Algum tempo depois de deixar o banco, ele decidiu contestar judicialmente o testamento deixado pelo pai, depois de ser excluído das participações em vários bens previstos numa versão anterior do documento.

Alberto alegou que Joseph não estava em condições para alterar o planejamento sucessório da família – o pai morreu aos 82 anos com Mal de Parkinson.

A família Safra argumentou que Alberto foi deserdado por uma decisão de Joseph, depois que o filho decidiu sair do banco, iniciando um negócio concorrente.

A disputa entre os irmãos envolveu também o caso Americanas. Dois conselheiros indicados por Alberto alegaram na Justiça que não tiveram acesso a dados básicos da instituição financeira, ficando sem informações sobre a exposição do banco na varejista, segundo petição a qual o NeoFeed teve acesso.