A decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de escolher seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, para ser seu candidato nas eleições do ano que vem, fez a Verde Asset adicionar uma pitada de cautela em sua estratégia para renda variável.

A gestora de Luis Stuhlberger, que conta com cerca de R$ 13,4 bilhões sob gestão, decidiu reforçar suas proteções na Bolsa, por meio de estruturas de opções longas, diante de “cenários mais negativos que nos parecem mal precificados”, oriundos da decisão da família Bolsonaro.

“Vemos um tabuleiro político ainda bastante incerto e mantemos a visão de grande incerteza probabilística em relação ao próximo ciclo eleitoral, além de prêmios de risco bastante mais apertados que no começo deste ano”, diz trecho do relatório de gestão do fundo Verde multimercado.

A decisão modificou bastante o cenário, até então muito positivo para a Bolsa, que vinha aproveitando a combinação do fluxo de capital estrangeiro para emergentes e “desdobramentos construtivos” no cenário político local, com o mercado avaliando que a recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao limite.

Mas a declaração de Bolsonaro de que seu candidato é o seu filho, e não o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como sonhava a Faria Lima e o empresariado, gerou a avaliação de que as chances de Lula se reeleger, e levar adiante sua agenda de gastos, aumentaram.

O anúncio derrubou a Bolsa – o Ibovespa fechou com queda de 4,87% na sexta-feira, 5 de dezembro, maior recuo desde 22 de fevereiro de 2021, quando Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna como presidente da Petrobras.

“Nos parece que muitos participantes do mercado reconhecem o potencial upside de uma mudança política, mas em geral o consenso – especialmente do investidor estrangeiro – minimiza o downside de uma manutenção do atual governo no poder”, diz trecho da carta da Verde.

Devidamente protegida, a Verde aumentou a exposição do fundo à bolsa brasileira, além de manter estável sua posição global. As posições em ações brasileiras, ouro, crédito e em juro real local foram as responsáveis pelo ganho de 1,06% em novembro, levemente acima do 1,05% registrado pelo CDI.

Na renda fixa local, o fundo manteve a posição comprada em juro real, enquanto nos Estados Unidos continuou aplicado em juro real e comprado na inflação implícita. Na parte de moedas, a gestora decidiu permanecer comprada em uma cesta de moedas contra o dólar, além de compra do yuan, ouro, e real.

No acumulado do ano, o fundo Verde registra ganho de 14,78%, acima da alta de 12,94% do CDI no mesmo período.