Popularizados pela franquia de filmes James Bond, os carros da Aston Martin são o sonho de consumo de muitas pessoas que, assim como o agente secreto de Sua Majestade, desejam dirigir os luxosos carros da marca britânica.
Quem também já deu sinais de que sonhava com a Aston Martin é a montadora chinesa Geely. Não apenas com os carros da marca, mas sim, a empresa inteira. E depois de anos tentando adquirir o ícone britânico de 109 anos, a companhia conseguiu, enfim, realizar parte desse desejo, ainda que parcialmente.
Dona das marcas Lotus e Volvo, a Geely passou a ter uma participação de 7,6% na Aston Martin depois de participar do aumento de capital de 654 milhões de libras esterlinas promovido pela companhia britânica para, principalmente, reduzir seu endividamento. Em junho, o indicador alcançava 1,3 bilhão de libras esterlinas.
O valor aportado pela companhia chinesa, maior montadora de seu país, não foi revelado, segundo informações do jornal Financial Times. E ainda que tenha se tornado acionista relevante da Aston Martin, a empresa não terá um assento no conselho de administração.
Além da Geely, o fundo soberano da Arábia Saudita, que tem cerca de US$ 620 bilhões em ativos sob gestão, também participou do aumento de capital, tornando-se um acionista relevante da Aston Martin, com 18,7% do capital social.
O anúncio representa uma certa inflexão na relação entre Aston Martin e Geely, vista no mercado como um potencial comprador da marca britânica, caso seu atual proprietário e presidente do conselho de administração, Lawrence Stroll, decida vender a montadora.
A Geely fez uma série de abordagens mesmo antes de realizar sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em 2018. Quando a Aston Martin precisou ser resgatada financeiramente, em 2019, o grupo chinês competiu com a Stroll pela empresa.
Em julho deste ano, a montadora chinesa voltou à carga, dessa vez, acompanhada do grupo de investimentos italiano Investindustrial, com uma oferta de 1,3 bilhão de libras esterlinas.
A proposta foi rejeitada pela Aston Martin, alegando em comunicado que se tratava de “uma tentativa de adquirir uma posição de controle e uma participação majoritária sem nenhum pagamento de prêmio aos acionistas”.
Não está claro se a Geely utilizará sua participação na Aston Martin para forçar um acordo. A empresa se utilizou de uma estratégia semelhante em 2018, quando adquiriu uma fatia relevante na Daimler, controladora da Mercedes-Benz.
Mesmo sem um assento no conselho de administração, a Geely realizou uma série de acordos com a Daimler. Entre essas iniciativas, assumiu o controle da marca de carros compactos Smart por meio de uma joint-venture e deu à Mercedes-Benz direitos exclusivos para fornecer veículos premium ao serviço de viagens compartilhadas da Geely.
A expectativa é de que a Geely e a Aston Martin possam cooperar em diversas áreas. Uma delas tem a ver com o plano da montadora britânica de lançar carros elétricos em 2025. A companhia já está em conversas com a Mercedes-Benz, com quem tem parcerias na área de tecnologia, e com a startup Lucid, que conta com o apoio do fundo soberano saudita.
A Geely conta em seu portfólio com a marca Polestar, empresa de automóveis elétricos da Volvo.