Depois de se consolidar em renda fixa, crédito privado e multimercado na última década, o que garantiu cerca de R$ 14 bilhões em ativos sob gestão (AuM, na sigla em inglês), a MAG Investimentos parte agora para ganhar espaço na renda variável.
Em busca de R$ 1 bilhão em AuM nesse segmento nos próximos 12 meses, a gestora de recursos do grupo Mongeral Aegon recorreu ao M&A e incorpora, na sexta-feira, 22 de março, o Somma Brasil FIA, que será o segundo fundo de investimentos em ações da sua prateleira de produtos.
“A MAG tem uma concentração muito grande em mandatos de renda fixa, crédito privado e multimercado, e estamos buscando diversificar nossa linha de produtos”, diz Claudio Pires, sócio e diretor de investimentos da MAG Investimentos, ao NeoFeed. “A estratégia de renda variável estava subdimensionada e é um esforço prioritário nosso que essa classe tenha um tamanho robusto na casa.”
Oriundo da Somma Investimentos, gestora do Sul do País com R$ 12 bilhões em ativos sob gestão, o Somma Brasil FIA tem um patrimônio de R$ 322 milhões. Com uma estratégia long only, o fundo registra no acumulado de 12 meses até fevereiro de 2024 um retorno de 22,2%, enquanto o Ibovespa apresenta alta de 26,7%.
Junto com o fundo vêm o seu gestor, Mauricio Gallego, que conta com 26 anos de experiência no mercado e passagens por casas como Azimut e Concórdia. Ele se une à equipe de renda variável da MAG, comandada por Roberto Costa. A operação não envolveu pagamento para a Somma, com as negociações sendo feitas diretamente com o gestor do fundo.
O Somma Brasil FIA vai se juntar ao outro fundo de renda variável da MAG, o MAG Selection FIA, que nos 12 meses até fevereiro registrou um retorno de 22,8%.
Estruturando a parte de renda variável há um ano e meio, formando equipe e desenvolvendo produtos, a MAG entendeu que o M&A poderia acelerar o crescimento da casa nesta frente, para não ficar dependendo exclusivamente do crescimento orgânico. Até a incorporação do novo fundo, o AuM da área é de cerca de R$ 70 milhões.
“O Somma Brasil FIA vai nos levar para perto de R$ 400 milhões [em AuM], um tamanho mais condizente com a casa, nos aproximando da meta de R$ 1 bilhão para essa ‘caixinha’ de produtos”, diz Pires.
Segundo ele, esse ganho de musculatura é essencial para a MAG atrair investidores institucionais, que levam em consideração o tamanho dos veículos em que investem. Diante disso, a MAG continuará contando com M&As, tendo conversas abertas para atrair pelo menos mais dois fundos à gestora.
Não é a primeira vez que a MAG Investimentos utiliza essa estratégia inorgânica para expandir sua prateleira de produtos. Em outubro, a casa trouxe o fundo de renda fixa Cash e o multimercado Ilhabela, ambos operados por Sérgio Machado, ex-tesoureiro do Banco Fator e figura conhecida da chamada Fintwit, como ficou conhecida a comunidade do mercado financeiro no X (antigo Twitter).
Para Fernando Gabriades, sócio e diretor comercial da MAG Investimentos, o crescimento visto no Cash desde que ele foi incorporado deve ajudar nas conversas. O fundo foi incorporado com um patrimônio de R$ 320 milhões e está agora com R$ 1 bilhão. “Isso traz mais credibilidade para os M&As que estamos negociando”, diz.
A incorporação do fundo Somma Brasil FIA também representa a aposta da holandesa Aegon no Brasil, que lançou a MAG Investimentos em 2013, depois de comprar 50% do capital da seguradora brasileira Mongeral, em 2008.
Contando com 22 seguradoras e 24 gestoras globais, e com patrimônio superior a US$ 1 trilhão, a Aegon vê o País como um mercado estratégico, registrando um crescimento de cerca de 30% nos últimos três anos.
“O que percebemos nas reuniões de conselho, nas visitas dos executivos de fora, é que o Brasil é um dos principais focos para o crescimento do grupo”, diz Gabriades. “Esses M&As provam isso, temos uma carta branca da Aegon para negociar e encontrar parceiros e incorporar dentro da gestora.”
Neste sentido, a MAG montou no começo do mês um time dedicado à captação de clientes que fazem parte do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), contando com profissionais vindos da Somma. Além de Gallego, a gestora trouxe Rogerio “Zico” Almeida e Daniel Longo para avançar nessa frente.
As contas RPPS, atualmente, representam R$ 300 milhões em ativos nos fundos da MAG. A meta para 2024 é chegar a R$ 1 bilhão.