Se durante muitos anos a General Motors conseguiu manter um negócio consistente com a fabricação de automóveis, a companhia americana agora enfrenta dificuldades para acompanhar a inovação tecnológica que tomou conta do setor automotivo.

Os problemas mais recentes envolvem a Cruise, a subsidiária da General Motors responsável pelo desenvolvimento de carros autônomos e na qual a companhia pagou US$ 1 bilhão pela aquisição em 2016. No domingo, 19 de novembro, Kyle Vogt, fundador e CEO da companhia, renunciou ao comando da companhia.

O anúncio vem cerca de um mês após a Cruise ter suspendido toda a sua operação após uma série de incidentes envolvendo os automóveis. A ação aconteceu após uma determinação do Departamento de Trânsito da Califórnia. Em um dos acidentes, ocorrido no mês passado uma mulher foi arrastada por mais de seis metros. Em outro, um dos carros colidiu contra um caminhão dos bombeiros.

Com os casos, a Cruise retirou todos os seus táxis autônomos das ruas na Califórnia, onde operava. Essa suspensão tem feito com que os custos da operação disparassem e a empresa passasse a considerar realizar demissões enquanto aguarda as investigações envolvendo os acidentes.

Vogt é conhecido por ser um dos maiores entusiastas dos carros autônomos e, ainda que a Cruise enfrentasse problemas, sua saída da companhia não era esperada. “Os últimos 10 anos foram incríveis e sou grato a todos que ajudaram Cruise ao longo do caminho”, escreveu o executivo no X.

Em seu lugar, a General Motors nomeou dois executivos que irão se reportar diretamente ao conselho: Mo Elshenawy, vice-presidente executivo de engenharia da Cruise, e Craig Glidden, conselheiro geral da General Motors.

A substituição ocorre em um momento de crise no negócio. Com os acidentes recentes, aumenta o escrutínio público e regulatório em torno do desenvolvimento de carros autônomos e pode resvalar diretamente em concorrentes da Cruise, como Aurora, Zoox e Waymo.

A GM não pode reclamar que a saída de Vogt tenha impactado no valor de mercado da companhia. Nesta segunda-feira, as ações da montadora negociam com alta de 2% na bolsa de valores da Nova York. A General Motors está avaliada em US$ 39,1 bilhões.

Problemas com elétricos

Os carros sem motoristas não são os únicos que estão causando problemas para a General Motors. Em outubro, a montadora suspendeu o guidance para 2023 e as metas de produção em carros elétricos ao citar uma desaceleração na demanda da categoria.

Em sua meta original, a companhia planejava produzir 400 mil veículos com motor elétrico até meados de 2024. Contudo, um atraso na instalação de uma fábrica de caminhões elétricos em Detroit, fez a GM revisar suas metas. A expectativa, agora, é conseguir produzir 1 milhão de automóveis até 2025.

No setor, porém, as vendas têm aumentado. Segundo dados do Inside EVs, as 19 principais fabricantes de veículos elétricos nos Estados Unidos venderam 130 mil automóveis no terceiro trimestre deste ano, quase o dobro do registrado no mesmo período de 2022. Os resultados não consideram dados de Tesla, Rivian, Lucid, entre outras fabricantes que não reportam as vendas.