Na terça-feira, 24 de outubro, a General Motors superou as expectativas de Wall Street ao divulgar seu balanço do terceiro trimestre. Com alta anual de 5,4%, a receita de US$ 44,1 bilhões veio acima da estimativa de US$ 43,6 bilhões e o lucro ajustado por ação foi de US$ 2,28, ante a projeção de US$ 1,88.
Esses indicadores poderiam, a princípio, sugerir um percurso favorável para a empresa. Mas outros números e novidades embarcados nesse anúncio sinalizam que há grandes obstáculos à frente na pista da montadora americana.
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Uma dessas barreiras é a greve dos trabalhadores do setor automotivo nos Estados Unidos, que estão de braços cruzados desde meados de setembro. Segundo a GM, a paralisação está trazendo um impacto de aproximadamente US$ 200 milhões por semana em sua operação.
Como reflexo direto dessa questão, a companhia apurou um lucro líquido de US$ 3,06 bilhões no trimestre, o que representou uma queda de 7,3% na comparação com o valor reportado em igual período, um ano antes.
De acordo com Paul Jacobson, CFO da GM, a greve já trouxe um prejuízo total de US$ 800 milhões, sendo um quarto desse montante entre julho e setembro. No momento, três fábricas da montadora estão com a produção interrompida no país.
Em mensagem aos acionistas, Mary Barra, CEO da GM, destacou que a oferta atual da empresa aos trabalhadores, com ganhos de US$ 40,39 por hora, cerca de US$ 84 mil por ano, é a mais significativa da montadora. Mas fez uma ressalva:
“É uma oferta que recompensa os membros da nossa equipe, mas não coloca em risco a nossa empresa e seus empregos. Aceitar custos insustentavelmente elevados colocaria em risco o nosso futuro e o time da GM e é algo que não farei”, escreveu a executiva.
Enquanto a CEO se preocupa com o futuro da operação, o CFO da GM ressaltou que a greve prejudicou o que seria um trimestre forte, impulsionado pela manutenção da demanda por parte dos consumidores e a resiliência dos preços. No período, o tíquete médio registrado pela empresa foi de aproximadamente US$ 50,7 mil.
Entre julho e setembro, a GM registrou a venda de 1,61 milhão de carros globalmente, contra 1,53 milhão no terceiro trimestre de 2022. No Brasil, o volume caiu de 88 mil veículos, há um ano, para 87 mil veículos. Nesse intervalo, o market share no País recuou de 15% para 13,8%.
A despeito do crescimento nas vendas globais, em outro efeito diretamente ligado à greve, a montadora suspendeu suas projeções para 2023. Até então, a empresa estimava um lucro na faixa de US$ 12 bilhões a US$ 14 bilhões e um lucro atribuível aos acionistas entre US$ 9,3 bilhões e US$ 10,7 bilhões.
Essa não foi, porém, a única linha afetada no guidance da empresa. A GM também está colocando o pé no freio e interrompendo as metas de curto prazo ligadas à divisão de veículos elétricos, ao ressaltar uma desaceleração na demanda dos consumidores pela categoria.
Antes, a companhia planejava produzir 400 mil veículos elétricos até meados de 2024, dos quais 100 mil seriam fabricados no segundo semestre de 2023. Na semana passada, a GM já havia informado que atrasaria em um ano a inauguração de sua fábrica de caminhões elétricos em Detroit.
Ao ressaltar que a empresa está equilibrando a produção com a demanda, Jacobson observou, porém, que a montadora vai manter sua meta de produzir 1 milhão de veículos elétricos na América do Norte até 2025.
Em uma reação inicial a todo esse contexto, as ações da GM estavam sendo negociadas com ligeira queda de 0,03% em Nova York, por volta de 10h40 (horário local). A empresa está avaliada em US$ 40,2 bilhões e seus papéis acumulam uma desvalorização de 13,1% em 2023.