Depois de mais de um ano após dar entrada no pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, a Gol anunciou nesta sexta-feira, 6 de junho, que concluiu a reestruturação financeira do grupo nos termos do Chapter 11.

Em fato relevante, a companhia aérea informou que sai com a situação financeira fortalecida após levantar US$ 1,9 bilhão em financiamento junto a credores e investidores e quitar integralmente o financiamento na modalidade debtor in possession financing (DIP).

O valor foi assegurado no começo de maio e foi considerado fundamental para a Justiça dos Estados Unidos aprovar, em 20 de maio, o plano da Gol para sair do Chapter 11, junto com os ajustes feitos na operação.

“Hoje somos significativamente mais fortes”, afirma, em nota, o CEO da Gol, Celso Ferrer. “Racionalizamos nossa frota, otimizamos nossos custos, redesenhamos nossa malha, aprimoramos nosso foco operacional e impulsionamos nossa eficiência administrativa."

A Gol entrou com o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em janeiro de 2024, em meio a dificuldades de viabilizar um plano de reestruturação e com um endividamento de R$ 20,2 bilhões.

Na ocasião, os executivos disseram que a companhia optou por esse caminho, o mesmo que a Latam tinha tomado em 2020, por ainda sentir os reflexos que a pandemia teve nos negócios e também por conta dos atrasos nas entregas de aeronaves.

O plano de reestruturação elaborado pela companhia envolveu a conversão de cerca de US$ 1,7 bilhão em dívidas e US$ 850 milhões em outras obrigações em ações. A Abra, que declarou um total de US$ 2,8 bilhões em créditos, concordou em receber US$ 950 milhões em novas ações, bem como US$ 850 milhões em dívidas reestruturadas.

Como resultado, a Abra, a holding que controla a Gol e Avianca, passou a deter, direta ou indiretamente, aproximadamente 80% da totalidade das ações ordinárias e preferenciais da empresa. No final do primeiro trimestre, a participação da Abras no capital da Gol era de 53,7%.

No fato relevante, a Gol informou que está agora com uma “posição de liquidez robusta” de aproximadamente US$ 900 milhões, alavancagem de 5,4 vezes e alavancagem líquida projetada inferior a 3,0 vezes até o final de 2027.

Com o ajuste financeiro e o aumento da Abra no capital da Gol, a composição do conselho de administração foi alterada. A companhia informou que Ricardo Constantino e Paul Stewart Aronzon renunciaram às suas cadeiras, enquanto Manuel José Irarrázaval Aldunate foi nomeado como membro do conselho. Com a renúncia de Constantino, Antonio Kandir foi nomeado como novo vice-presidente do board.

O fim da recuperação judicial coloca a Gol numa posição mais confortável para negociar com a Azul a respeito de uma possível fusão. As conversas, porém, devem ficar em segundo plano, considerando que a Azul apresentou em maio um pedido de recuperação nos Estados Unidos, seguindo o caminho de seus pares.

As ações preferenciais da Gol fecharam o pregão de hoje com queda de 13,4%, a R$ 1,10. No ano, os papéis acumulam queda de 19,7%, levando o valor de mercado a R$ 462,4 milhões.