Após terem vivido momentos difíceis durante a pandemia, as companhias aéreas seguem em trajetória de recuperação, apoiadas na retomada da demanda. E uma articulação em Brasília pode fazer com que elas ganhem ainda mais altitude.
Na quarta-feira, dia 24 de junho, à noite, o Plenário do Senado aprovou a Medida Provisória (MP) que zera as alíquotas da contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre as receitas até o final de 2026.
O texto ainda precisa ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas os analistas do BTG Pactual já começaram a calcular os potenciais benefícios para o setor aéreo. E segundo os analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, ela tem potencial de representar uma injeção de Ebitda na veia das empresas.
“Com base nos nossos cálculos, a aprovação desta medida pode potencialmente resultar num Ebitda incremental de R$ 511 milhões em 2023 e de R$ 542 milhões em 2024 para a Azul, de R$ 575 milhões em 2023 e R$ 609 milhões em 2024 para a Gol e de US$ 124 milhões em 2023 e US$ 131 milhões em 2024 para a Latam”, informa um trecho do relatório.
Se o benefício for aprovado e permanecer válido até o fim de 2026, considerando que o governo federal também está trabalhando numa reforma tributária que implicará na redução de incentivos fiscais, as ações de Gol e Azul podem ter um ganho de R$ 5,40 e R$ 4,00, respectivamente, de acordo com os analistas do BTG Pactual. No caso da Latam, cujos papéis são negociados no Chile, o ganho seria de 0,60 peso chileno.
“É importante observar que estes valores representam um potencial de alta em relação às nossas estimativas atuais, uma vez que nós não incluímos este benefício nas nossas projeções para o cenário base”, diz trecho do relatório.
Por enquanto, os analistas mantiveram as recomendações para as ações da Gol e da Azul em neutro, com preços-alvos de R$ 7,60 e R$ 14,69, respectivamente.
Segundo eles, apesar das notícias positivas que o setor vem apresentando, a preferência segue sendo por nomes internacionais – a recomendação para a Latam é de compra – por verem mais espaço para crescimento de volume de passageiros em rotas internacionais e a melhor situação financeira dessas companhias, quando comparadas com nomes brasileiros.
Os analistas consideram ainda que o ambiente competitivo no Brasil é mais duro, que não teve um movimento forte de consolidação nos últimos anos. A instabilidade provocada pelos juros altos no País e a pressão por redução nas tarifas aéreas também pesam na preferência por nomes internacionais.
Ainda que os analistas do BTG Pactual não tenham alterado a recomendação para as ações de Azul e Gol, o relatório é mais um que demonstra uma visão positiva em relação ao setor aéreo brasileiro.
Recentemente, o Bank of America (BofA) elevou a recomendação para as ações da Azul de venda a neutro, afirmando que a companhia está em trajetória de recuperação por conta do andamento das negociações de passivos com arrendadores de aeronaves, câmbio favorável e preços dos combustíveis em baixa.
O bom momento tem se refletido nas ações. Nesta sexta-feira, 26 de maio, os papéis de Gol e Azul estão entre as maiores altas do pregão.
Por volta das 11h30, as ações preferenciais da Gol subiam 7,55%, a R$ 8,40, e as ações preferenciais da Azul avançavam 5,26%, a R$ 16,42.
No ano, as ações da Azul registram alta de 49,1% e os papéis da Gol têm avanço acumulado de 14,4%, levando os valores de mercado a R$ 5,2 bilhões e R$ 25 bilhões, respectivamente.