Fundos de hedge que apostaram contra a recuperação do mercado de turismo têm poucos motivos para comemorar em 2023. Segundo dados da S3 Partners, esses fundos, que se assemelham aos multimercado no Brasil, perderam mais de US$ 6,4 bilhões ao montarem posições contra empresas que operam cruzeiros e redes de hotéis.
Os dados da consultoria americana têm como base o desempenho de companhias como Royal Caribbean e Carnival na bolsa de valores. Ambas mais do que dobraram o valor de suas ações desde o começo do ano. A primeira está atualmente avaliada em US$ 26,5 bilhões, enquanto a segunda tem valor de mercado de US$ 22,3 bilhões.
Empresas que atuam com hospedagem também sentiram uma valorização nas ações desde o começo do ano. O Airbnb, por exemplo, teve valorização de mais de 66% desde janeiro e está avaliado em US$ 89,1 bilhões. Já a Booking.com, que vale US$ 112,6 bilhões, viu seus papéis subirem 50% no mesmo período.
Esse desempenho não era esperado pelos fundos de hedge, que realizaram uma série de operações de short selling. Nessa estratégia, os investidores consideram que um determinado ativo irá desvalorizar no curto prazo e fazem uma operação de venda a descoberto. Após a desvalorização, o investidor compra a ação e fica com o spread.
O problema é quando o ativo em questão não desvaloriza e sobe de maneira rápida. O investidor que vendeu o papel no short selling precisa arcar com a compra e cobrir o eventual prejuízo.
Fundos como o quantitativo Qube Research and Technologies e o Tellworth Investments são alguns dos que apostaram na estratégia, segundo o Financial Times.
A aposta contra o setor de turismo não foi à toa. Sob a expectativa de recessão econômica, os investidores entendiam que as empresas de cruzeiro enfrentavam uma situação delicada financeiramente como consequência da pandemia. A Carnival, por exemplo, aumentou sua dívida de US$ 10 bilhões para US$ 35 bilhões entre o fim de 2019 e o primeiro trimestre deste ano.
No segundo trimestre, contudo, a Carnival reportou resultados positivos. Além disso, a companhia conseguiu reduzir as perdas em 78% na comparação ano a ano. Rivais como Norwegian e Royal Caribbean reportaram lucro em seus últimos balanços.
No Brasil, o melhor desempenho no turismo tem sido o das empresas do setor aéreo. As ações da Azul estão com alta de 67% desde o começo do ano, enquanto os papéis da Gol subiram 36% no mesmo período. Já a operadora de viagens CVC perdeu mais de 28% de seu valor de mercado desde janeiro e agora está avaliada em R$ 915,1 milhões.