A Ultrapar está com o caminho livre para chegar a uma posição de 40% na Hidrovias sem a necessidade de fazer uma oferta para todos os acionistas da empresa.
Os acionistas da Hidrovias aprovaram em assembleia que a Ultrapar só precisará fazer uma OPA (oferta pública de aquisição) se ultrapassar os 40% - antes, era 20%.
A aprovação da mudança da poison pill era uma exigência da Ultrapar para comprar a fatia do Pátria Investimentos e da Temasek na companhia, como foi anunciado em março.
Os dois investidores estão vendendo uma participação de 17% da Hidrovias – 13% do Pátria e 4% da Temasek. A Ultrapar já detinha 10% na companhia via participação direta e derivativos.
O NeoFeed já havia publicado, em outubro do ano passado, que o Ultrapar estava montando uma posição secreta na Hidrovias por conta de seu interesse de ficar mais exposto ao agronegócio brasileiro.
O Ultrapar está pagando R$ 500 milhões pelos 17% a um preço de R$ 3,98 por ação, um prêmio de 12% sobre o valor dos papéis um dia antes da proposta. Hoje, eles estão sendo negociados a R$ 4,39.
Segundo apurou o NeoFeed, a Ultrapar está fazendo compras no mercado, o que deve elevar a sua participação para 40% rapidamente.
De acordo com um gestor comprado no papel, esse é um dos fatores que têm ajudado a ação a subir e que evitaram uma disputa no aumento do poison pill.
“Isso tira o overhang da venda do Pátria e coloca um acionista de referência com capacidade de investimento, visão de longo prazo e que entende do negócio”, afirma esse gestor.
O atual CEO da Ultrapar é Marcos Lutz, executivo que ajudou a construir a Rumo, empresa de logística do grupo Cosan.
Hoje, além do Pátria, que vai manter ainda uma posição de 10% na Hidrovias, os principais acionistas da empresa são a Tarpon, com 15%, e Alaska e Sharp Capital, ambos com pouco mais de 5% cada.
A Hidrovias, atualmente, tem dois negócios principais. Um deles é o corredor Norte (Itaituba-Barcarena, ambas no Pará), que escoa a safra de grãos do Mato Grosso e do Pará. O outro, o corredor Sul, transporta minério de ferro por meio da hidrovia do Rio Paraná.
Além desses, a Hidrovias atua com cabotagem, realizando transporte de minérios, principalmente bauxita, originados no Pará e destinados para exportação. Em Santos, conta com uma área destinada para recebimento, armazenamento e expedição de sal e fertilizantes.
No ano, os papéis da Hidrovias sobem quase 20%. A companhia está avaliada em R$ 3,3 bilhões.