O Oriente Médio pode ganhar ainda mais espaço no Credit Suisse, com o fundo soberano do Qatar avaliando a possibilidade de participar do aumento de capital de 4 bilhões de francos (US$ 4 bilhões) sendo estruturado pelo banco suíço. 

O Qatar Investment Authority está avaliando a possibilidade de elevar sua posição no capital social do Credit Suisse, segundo fontes ouvidas pelo Financial Times. Por meio do veículo de investimentos Qatar Holding, o fundo soberano possui atualmente uma participação de 5,03% no banco.

Quem já se comprometeu a injetar recursos no banco suíço foi o Banco Nacional da Arábia Saudita (SNB, na sigla em inglês), que vai investir em torno de 1,5 bilhão de franco suíços (US$ 1,5 bilhão), ficando assim com uma parcela de 9,9% do capital social. 

Considerando a participação de 5% do Olayan Group - uma empresa de investimentos que pertence à família saudita Olayan, que deve participar do aumento de capital, mas sem elevar sua participação -, entre 20% a 25% do capital social do Credit Suisse estará nas mãos de investidores do Oriente Médio. 

O aumento de capital foi anunciado na quinta-feira, dia 27 de outubro, como parte de um plano maior do Credit Suisse de reestruturar suas operações, depois das perdas bilionárias sofridas com os colapsos financeiros do family office Archegos Capital Management e da gestora de ativos britânica Greensill Capital. 

O Credit Suisse já contratou 20 bancos para viabilizar a injeção de recursos, que visa a adequar a instituição às obrigações regulatórias. Ter um amplo grupo de subscritores deve facilitar encontrar compradores. 

Junto com a intenção de levantar mais recursos, o banco suíço anunciou uma ampla reestruturação, que inclui o desmembramento de seu banco de investimentos e medidas para reduzir custos, que resultarão na saída de 9 mil pessoas nos próximos três anos. 

As ações do Credit Suisse caíram 19% após a divulgação do plano de reestruturação, a maior queda já registrada em um único dia, com os investidores avaliando que o plano tem custos elevados, perspectiva de entregar retornos modestos e deve resultar na diluição da base acionária. 

O plano segue repercutindo negativamente. Nesta quarta-feira, dia 2 de novembro, a agência de classificação de riscos S&P Global Ratings rebaixou a nota de longo prazo do Credit Suisse de “BBB” para “BBB-”, um degrau antes do patamar de ratings especulativos. A perspectiva é estável. 

A S&P Global Ratings avalia que existem “riscos materiais de execução em meio a um ambiente econômico e de mercado que está deteriorando e está volátil”. A agência também sinalizou que alguns detalhes relacionados à venda de ativos permanecem “incertos”.

Por volta das 10h46, as ações do Credit Suisse recuavam 0,83% na Bolsa de Zurique, a 4,16 francos suíços. No ano, elas acumulam queda de 53,1%, levando o valor de mercado a 10,8 bilhões de francos suíços (US$ 10,8 bilhões).