O ano de 2025 começou com uma agenda gorda de 87 concessões em infraestrutura por parte apenas do governo federal, dando continuidade a uma estratégia de investimentos públicos e privados no setor iniciada no ano anterior.
A boa notícia é que o último trimestre do ano prevê mais 25 leilões de concessões, parcerias público-privadas (PPPs) e privatizações na sede da B3, em São Paulo, de acordo com levantamento da BNamericas, plataforma em inteligência de negócios.
A expectativa é que os certames gerem R$ 120 bilhões em investimentos nos setores de rodovias, saneamento, energia, portos, aeroportos, iluminação pública. E como tem ocorrido desde o ano passado, com forte participação do setor privado, com 70% dos aportes.
Mesmo assim, de acordo com previsão da consultoria Inter.b, o ano de 2025 deve terminar com uma média de investimentos em infraestrutura equivalente a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) – metade dos 4,65% do PIB necessários ao ano no longo prazo para reduzir gargalos do setor.
A agenda recheada de final de ano envolve leilões do governo federal e também os organizados por governos estaduais, entre eles cinco concessões rodoviárias - incluindo a da BR-381, a Fernão Dias, com previsão de mais de R$ 15 bilhões em investimentos - duas de saneamento e o único leilão de linhas de transmissão do ano.
Só em outubro, são 11 certames, de todos os tipos - de uma PPP para modernização do sistema prisional da cidade de Blumenau (SC), com expectativa de gerar até R$6 bilhões de investimentos em 30 anos, à concessão do canal de acesso ao porto de Paranaguá e Antonina (PR), com R$ 1 bilhão de aportes.
O mês fecha com o leilão da Aneel, no qual serão ofertados 7 lotes de linhas de transmissão, com R$ 5,5 bilhões de investimentos.
Em novembro, dois certames devem atrair investidores. O governo federal oferecerá concessão de 322 km da BR-101, entre Rio de Janeiro e Espírito Santo, com estimativa de R$ 10,2 bilhões de aportes. Já o governo paulista colocará em leilão uma PPP para construção do Centro Administrativo Campos Elíseos, um contrato de R$ 6 bilhões.
Até o último mês do ano vai assegurar atratividade aos investidores, com licitação da concessão da rodovia Fernão Dias, entre Belo Horizonte e São Paulo, e o leilão parcial de concessão de saneamento de duas regiões de Pernambuco, com previsão de R$19 bilhões em investimentos durante 30 anos.
Tendência de crescimento
Para Roberto Guimarães, diretor de planejamento e economia da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), os números expressivos de investimentos do setor em 2025 refletem uma série de avanços nos últimos anos.
“Nunca tivemos um ciclo de leilões em infraestrutura tão grande, com recorde este ano em número de certames e em valores de investimentos”, diz Guimarães.
Curiosamente, os números finais previstos para 2025 não serão diferentes dos registrados em 2024 pela consultoria Inter.b, que divulgou recentemente a 24ª Carta de Infraestrutura – relatório anual que analisa os investimentos em infraestrutura no Brasil, apresentando dados de anos anteriores, estimativas para o ano atual e projeções para o futuro.
De acordo com o relatório, os investimentos em infraestrutura alcançaram R$ 266,8 bilhões em 2024, ou 2,27% do PIB. Para 2025, a Inter.b projeta R$ 277,9 bilhões ou 2,19% do PIB.
Guimarães assegura que a pequena diferença entre os dois anos é irrelevante diante de uma constatação: a tendência de crescimento dos investimentos em infraestrutura a partir do ano passado – cujo valor pelos cálculos da Abdib, de R$ 260,6 bilhões, ultrapassou o de 2014, que era o maior da série – deve se estender não só para este ano como para 2026 ou até mesmo 2027.
“Isso porque os investimentos a partir de um leilão, dependendo do projeto e da área, demoram de um ano a um ano e meio para começarem a ser executados, após aprovação do licenciamento ambiental e toda a parte burocrática”, diz. “Assim, um leilão em 2025 começa a bombar no final de 2026 ou início de 2027, mantendo trajetória futura de investimentos.”
O relatório afirma que, em 2025, os investimentos têm sido direcionados, principalmente, pelos gastos de capital em energia elétrica, saneamento básico, e também em rodovias, ferrovias e mobilidade urbana no setor de transportes.
A Inter.b chama a atenção para o impulso de investimento em saneamento básico e a relevância do setor privado, pela primeira vez dominante no setor, em grande medida reflexo do novo marco regulatório de 2020 e seu papel transformador.
Apesar dos avanços, a média de investimentos em infraestrutura nos últimos dois anos – em torno de 2,2% do PIB – continua baixa no Brasil.