Uma receita que combina custos com matérias primas em baixa, uma boa colher de dólar desvalorizando e uma pitada de valuation descontado deixou as ações da M.Dias Branco ainda mais apetitosas para os analistas do Santander.
Convictos a respeito dos benefícios da fabricante de massas e biscoitos, dona das marcas Adria e Piraquê, na dieta dos investidores há tempos, os analistas Rodrigo Almeida e Laura Hirata reforçaram a recomendação de compra para a empresa com a elevação do preço-alvo dos papéis de R$ 48 para R$ 57, indicando um potencial de alta de 34%.
“O momento dos resultados da M. Dias Branco continua robusto entrando no segundo trimestre e no segundo semestre de 2023, com os custos diminuindo e o poder de precificação da empresa se mantendo”, diz trecho do relatório.
Principais vilões da companhia em trimestres passados, os preços do trigo e do óleo de palma estão relativamente baixos no mercado neste momento. O câmbio, outro tema sensível à M.Dias Branco, também indica uma tendência favorável, com a queda do dólar frente ao real ajudando a reduzir os custos de importação de insumos, em especial a farinha.
“Para nós, a maior parte da queda dos custos deve ser capturada na segunda metade do ano, considerando a transição dos estoques”, diz trecho do relatório.
Ainda assim, alguns resultados já poderão ser vistos no resultado do segundo trimestre. Segundo os analistas do Santander, os menores custos com insumos e a manutenção dos preços de produtos como biscoitos e pastas devem ajudar a entregar um Ebitda ajustado de R$ 389 milhões. O montante está acima dos R$ 377 milhões do mesmo período de 2022 e dos R$ 174 milhões apurados no primeiro trimestre.
A margem Ebitda ajustada deve ser de 13,8%, abaixo dos 15,1% do segundo trimestre de 2022, mas quase o dobro dos 7% dos primeiros três meses do ano. A respeito desta métrica, o relatório diz que a M. Dias Branco deve ver uma expansão mais forte no terceiro trimestre, diante dos custos em queda. Para 2023, a projeção foi revisada de 13,4% para 14,3%.
O valuation da M.Dias Branco
Um tempero especial na tese do Santander é o valuation da M. Dias Branco. As ações estão sendo negociadas com um desconto de cerca de 33% em relação à média dos últimos dez anos, registrando um EV/Ebitda em torno de 8 vezes para 2024. Ao mesmo tempo, os papéis registram um dividend yield perto de 3% e um retorno sobre o fluxo de caixa livre de 8% para o próximo ano.
Em relação ao futuro, os analistas do Santander entendem que a companhia está bem posicionada para o médio e longo prazo, com as pressões de custo que sofreu desde 2018 levando a um ajuste bem vindo das operações.
Além disso, a companhia se tornou mais “voltada ao consumidor”, com um portfólio mais diverso de produtos, movimento puxado pela compra de marcas conhecidas do público, como Piraquê, em 2018, e Jasmine, em 2022.
Por volta do meio-dia, as ações da M.Dias Branco subiam 1,66%, a R$ 43,98. No ano, elas acumulam alta de 22,7%, levando o valor de mercado a R$ 14,5 bilhões.