O Magazine Luiza reportou um lucro líquido ajustado de R$ 29,8 milhões no primeiro trimestre de 2024, revertendo o prejuízo de R$ 309,4 milhões que havia registrado no mesmo período do ano passado.

A receita líquida aumentou 1,9% para R$ 9,2 bilhões no período. As vendas totais ficaram acima de R$ 16 bilhões. Em relação ao Ebitda, o aumento foi de 53,5% no trimestre para R$ 687,8 milhões e a margem Ebitda subiu 2,5 pontos percentuais (pp)., passando de 4,9% para 7,4% no período de 12 meses.

Segundo Roberto Bellissimo, CFO da companhia, o trimestre como “histórico”. “É uma combinação muito difícil, porque tivemos margem Ebitda no primeiro trimestre maior do que a registrada no quarto trimestre, além de conseguir reduzir a despesa financeira”, afirma Bellissimo, ao NeoFeed.

Sobre as despesas, de fato, houve redução nos gastos financeiros, que caíram 39% para R$ 462,8 milhões. Mas as despesas operacionais, que somaram pouco mais de R$ 2 bilhões, tiveram um aumento de 3,1% no trimestre no período de 12 meses.

O endividamento, por sua vez, caiu para R$ 3 bilhões uma vez que a companhia fez o pagamento de R$ 900 milhões em debêntures em janeiro e mais R$ 2,1 bilhões em notas promissórias em abril, eliminando sua dívida de curto prazo. O caixa ficou estável em R$ 9 bilhões.

O Magalu destacou também o aumento de 8% nas vendas de lojas físicas. Isso rendeu um ganho de market share de 0,7 pp. "Estamos crescendo em um ritmo maior do que o mercado, mas temos apenas 20% de market share”, afirma Bellissimo.

Ainda assim, o diretor financeiro descartou a abertura de novas lojas ao afirmar que o parque hoje já “é muito robusto” com cerca de 1,3 mil lojas físicas. “A maioria tem margem de contribuição positiva ou está em processo de maturação”, diz Bellissimo. “O plano é maximizar a utilização das lojas.”

No e-commerce, as vendas somaram R$ 11 bilhões no período, aumento de 1% em relação ao primeiro trimestre. O Magalu informou que as vendas com estoque próprio foram afetadas pelo repasse do DIFAL feito no ano passado e que contribuiu para a expansão da margem bruta neste começo de ano.

Os resultados superaram as expectativas de casas de análise. O Itaú BBA, por exemplo, previa em um relatório anterior que a varejista iria reportar números mais tímidos de lucro líquido ajustado e Ebitda. O único indicador que não superou as expectativas do banco foi a receita líquida, que cresceu menos do que o esperado.

As ações do Magazine Luiza negociam com queda de 13% na bolsa de valores desde o começo de 2024. A empresa está avaliada em R$ 12,2 bilhões.

Olhar para serviços

Nos últimos anos, o Magazine Luiza vem aumentando sua participação em serviços para diversificar suas fontes de receita. Em um movimento que ganhou força no varejo após a Amazon consolidar o modelo, a varejista brasileira parece estar no caminho para colher resultados de suas apostas.

Em seu balanço, o Magalu informou que aumentou em 7,3% a receita obtida com prestação de serviços para R$ 878,8 milhões. O aumento com a revenda de mercadorias, por sua vez, foi de apenas 1,4%. Já o lucro bruto cresceu 6,9% com serviços e 13,7% com revenda de mercadorias.

O descasamento entre os aumentos está relacionado aos investimentos que a companhia vem fazendo para impulsionar serviços em áreas como cloud e ads, que passaram a ser exploradas pela companhia nos últimos tempos. Na primeira, a empresa vai competir contra gigantes como AWS, Google e Microsoft.

A companhia destacou também o aumento de capital privado, concluído em março deste ano, no montante de R$ 1,25 bilhão. A ideia é utilizar os recursos para acelerar os investimentos em tecnologia.

Nos últimos dois anos, Bellissimo afirma que o Magalu investiu entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões para ampliar a frente de serviços. O aumento de capital pode significar um aumento de R$ 200 milhões ao ano nos investimentos para esta divisão.