Gestada antes da pandemia, a MedAdvance nasceu no início de 2021, em Macapá (AP), com a proposta de atender crianças com autismo. Em dois anos, sua primeira unidade, fruto de um aporte inicial de R$ 3 milhões, evoluiu de três para trinta consultórios em um prédio de dois mil metros quadrados.
Essa tração deu segurança para que o passo seguinte fosse o mais ambicioso na trajetória ainda curta da empresa. Há cerca de dois meses, a companhia desembarcou em São Paulo. Sua segunda unidade foi inaugurada em Moema, bairro da zona sul da capital, em uma área de 600 metros quadrados.
A nova operação ainda está em maturação. O que não impede a MedAdvance de trabalhar nas próximas etapas do seu plano de expansão. E esse percurso para dar escala à rede passa pela busca por investidores para uma captação entre R$ 30 milhões e R$ 36 milhões.
“Até o momento, tudo o que fizemos foi tirando do próprio bolso e do caixa da empresa”, diz Janderson Silveira, fundador e CEO da MedAdvance, ao NeoFeed. “Agora, vamos buscar parceiros de peso para acelerar essa expansão e já temos tratativas nessa direção.”
Conforme apurou o NeoFeed junto a fontes de mercado, a rede teve conversas com a SulAmérica. Procurada, a SulAmérica não se pronunciou a respeito de uma possível negociação.
A captação em questão é o motor para um plano em que a MedAdvance projeta chegar a 30 unidades até 2028. No centro dessa conta está o investimento inicial, em média, de R$ 1 milhão a R$ 1,3 milhão por clínica para que cada unidade opere por cerca de seis meses até alcançar o break even.
“Esses recursos trariam mais velocidade nas aberturas”, explica Silveira. “Mas, mesmo se esse investimento não vier, vamos buscar parceiros locais para inaugurar pelo menos três unidades por ano.”
Com essa pegada, a rede já tem outras duas unidades com abertura prevista entre o fim deste ano e o início de 2024. Elas serão instaladas em Santo André, na região do ABC paulista, e em Fortaleza (CE). Há outros dois projetos em avaliação no Recife (PE) e em Manaus (AM).
Caso o plano de captação seja bem-sucedido, a meta da MedAdvance é superar 6 mil crianças atendidas de forma regular e chegar a um faturamento de R$ 250 milhões em cinco anos. A rede já atendeu mais de dois mil pacientes desde a sua fundação e vai fechar 2023 com uma receita de R$ 6 milhões.
Não há um dado oficial a respeito desse mercado. Mas, com base em um estudo global e recente do Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos, a rede projeta que, no Brasil, a base seja de aproximadamente 5 milhões de crianças – diagnosticadas ou não – com autismo.
Desse total, a MedAdvance entende que cerca de 300 mil pacientes estejam no universo potencial de cobertura dos planos de saúde. E é justamente esse o espaço escolhido pela rede para concentrar a sua atuação. Hoje, a empresa já tem parcerias com operadoras como SulAmérica, Unimed e Aliança.
“O nosso jogo são os planos de saúde. Nosso modelo é 100% atrelado às operadoras desse setor”, observa Silveira. “Estamos falando de um mercado que, nos nossos cálculos, já movimenta aproximadamente R$ 1 bilhão.”
É o detalhamento dessa conta bilionária que ajuda a explicar o foco da MedAdvance nesse escopo. Segundo Silveira, Boa parte dessa cifra está ligada à judicialização de tratamentos, que, em média, traz um custo mensal, em média, de R$ 35 mil para as operadoras para cada beneficiário atendido.
Em 2022, um componente adicional foi a inclusão, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de uma série de tratamentos, entre eles, o de autismo, no rol de procedimentos que devem ser cobertos pelos planos de saúde.
Nesse contexto, a ideia da MedAdvance é avançar como uma alternativa de menor custo tanto para as operadoras como para as famílias das crianças autistas. No caso dos atendimentos particulares, o desembolso mensal varia de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Na rede, o tíquete médio mensal é de R$ 4.480.
Além de uma boa dose de tecnologia – todos os pacientes têm seus tratamentos e evolução monitorados por algoritmos de inteligência artificial – e da escala no radar de sua expansão, uma das apostas para fechar essa conta é restringir o atendimento à faixa etária de crianças de zero a sete anos.
A proposta é ter um atendimento multidisciplinar, reunido em uma única clínica. Mas em vez de incluir tratamentos destinados aos diferentes níveis de autismo e às especificidades de cada caso, a MedAdvance se concentra em quatro terapias, indicadas para qualquer paciente desse espectro.
“Nós nos especializamos em fonoaudiologia, psicologia, neuropediatria e terapia ocupacional”, explica Silveira. “Esse é o tronco básico. Nem todas as crianças autistas precisam de terapias secundárias, como musicoterapia, arteterapia ou ecoterapia.”
Correção: Ao contrário do que foi publicado, a GreenRock não está em negociações para realizar um aporte na MedAdvance