As ações do Morgan Stanley fecharam o pregão desta quinta-feira na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) com uma baixa de 5,25%, cotadas a US$ 86,84. A queda representou o maior recuo do papel em cinco meses. Em 2024, a desvalorização acumulada é de 6,8% e o banco está avaliado em US$ 141,2 bilhões.
O pano de fundo para a marca negativa foi uma reportagem publicada pelo The Wall Street Journal (WSJ), revelando que a divisão de wealth management do banco e suas práticas de prevenção à lavagem de dinheiro estão na mira de investigações de órgãos reguladores americanos.
A lista dos responsáveis por esse escrutínio não é pequena. Ela inclui, por exemplo, a Securities and Exchange Commission (SEC), o Gabinete do Controlador da Moeda e outros escritórios do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, além do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Segundo o WSJ, que citou pessoas familiarizadas com o tema, esse grupo está apurando se o Morgan Stanley fez o suficiente para identificar os potenciais clientes e a origem de suas riquezas. Outro ponto em xeque é como o banco monitora as movimentações financeiras dos seus clientes.
Em uma das etapas desse processo, no ano passado, a SEC enviou ao Morgan Stanley uma lista de clientes da unidade de wealth, atuais e antigos, com perguntas sobre como eles foram avaliados pelo banco.
O órgão também questionou a razão pela qual a divisão mantinha negócios com clientes que haviam sido cortados, por conta de alguns sinais de alerta, pela E*Trade, a plataforma de negociação digital adquirida pelo banco.
Parte das investigações está centrada em clientes internacionais. A lista inclui um bilionário com ligações com a Rússia e outro que dizia estar baseado nos EUA, mas cuja atividade na E*Trade indicava que estava, de fato, em uma ilha caribenha e tinha mais dinheiro em sua conta.
Ao mesmo tempo, a Rede de Execução de Crimes Financeiros do Tesouro dos Estados Unidos também enviou ao Morgan Stanley uma lista com nomes de clientes. E, parte deles, coincidia com a relação da SEC.
Em meio a essas apurações, James Gorman, o CEO do Morgan Stanley, disse ao WSJ, em janeiro desse ano, que o banco está investindo em compliance, tecnologia e inteligência artificial para aprimorar o entendimento do fluxo de recursos atrelados à sua divisão de wealth management.
Desde a crise de 2008, essa unidade vem ganhando peso na estratégia do banco, que fez diversas aquisições para reforçar essa divisão. Em 2023, com uma receita de US$ 26,2 bilhões, ela respondeu por quase a metade da receita total da operação, de US$ 54,1 bilhões.
Apesar dessa relevância, a unidade de wealth management vem dando sinais de desaceleração. No quarto trimestre de 2023, a receita da divisão foi de US$ 6,64 bilhões, contra US$ 6,62 bilhões, em igual período, um ano antes.
Entre outubro e dezembro do ano passado, o volume de novos ativos líquidos adicionados somou US$ 47,5 bilhões, o que representou, na mesma base de comparação, uma queda de 8%. No trimestre anterior, esse indicador já havia recuado 45%.