A Tesla, fabricante de veículos elétricos americana, informou nesta segunda-feira, 4 de agosto, que concederá 96 milhões de ações ao seu fundador, Elon Musk, em um aumento significativo de seu polêmico pacote de remuneração. Com os novos papéis, avaliados em US$ 30 bilhões, a participação do empresário na companhia passará de 13% para mais de 20%.

O acordo, desenvolvido especialmente pela presidente da Tesla, Robyn Denholm, e por Kathleen Wilson-Thompson, RI da companhia, prevê o pagamento de US$ 23,34 por ação adquirida, valor igual ao aplicado na proposta de remuneração feita ao empresário em 2018.

"Reter Elon é mais importante do que nunca", disse a empresa na carta aos acionistas. "Estamos confiantes de que essa concessão incentivará Elon a permanecer na Tesla."

A preocupação era verdadeira. Desde janeiro de 2024, quando a juíza Kathaleen McCormick, de Delaware, anulou o maior pacote de remuneração da história dos Estados Unidos, de US$ 56 bilhões, destinado à Musk, o empresário vem ameaçando deixar a empresa.

Na época, a justiça considerou o valor excessivo e afirmou que os membros do conselho estavam subordinados a Musk. O empresário, por outro lado, Musk entrou com um recurso contra a decisão, alegando que foram cometidos múltiplos erros legais ao anular a remuneração.

“Acho que meu controle sobre a Tesla deveria ser suficiente para garantir que ela siga numa boa direção, mas não tanto a ponto de eu não poder ser destituído caso enlouqueça”, afirmou Musk a investidores.

A última ameaça de Musk veio após a divulgação dos resultados do segundo trimestre da Tesla. A companhia reportou a maior queda na receita em mais de uma década, totalizando US$ 22,5 bilhões nos três meses analisados. Na ocasião, ele afirmou que poderia “facilmente ser deposto por acionistas ativistas”, sem seu aumento de participação.

Na Tesla, o momento é de mudança. Durante teleconferência de resultados da companhia, Musk afirmou que está obtendo permissão regulatória para lançar os modelos robotáxis em vários estados americanos, como Califórnia, Nevada, Arizona e Flórida, a nova aposta da companhia para voltar a crescer.

Com isso em mente, a Tesla anunciou, na semana passada, que fechou uma parceria com a Samsung de US$ 16,5 bilhões, para liderar o fornecimento de chips de inteligência artificial que serão utilizados nesses veículos.

A partir desse contrato, Musk espera que as operações dos robotáxis atinjam metade da população dos Estados Unidos até o fim deste ano, e que, até dezembro de 2026, seja implementado em larga escala no país.