Em julho deste ano, o NeoFeed publicou uma reportagem revelando que o N26 estudava deixar o Brasil e, como parte desse processo, vender sua operação local. Na época, o banco digital alemão não deu entrevistas e, em nota, negou a informação.

Na sequência da reportagem, o N26 conduziu uma operação abafa dando entrevistas a outros veículos dizendo que não sairia do País - revelando, inclusive, planos de crescimento.

Agora, porém, a empresa está definitivamente colocando um ponto final nessa história, conforme antecipou o NeoFeed há quatro meses. Na terça-feira, 7 de novembro, a companhia informou que está encerrando sua operação no mercado brasileiro.

Em nota, o N26 informou que a decisão reflete a estratégia da empresa de focar seus esforços nos mercados-chave europeus, “à medida em que desponta como o líder entre bancos digitais na Europa”. Conforme apurou o NeoFeed, a empresa chegou a considerar a venda da operação, mas não deu sequência a esse processo.

Mesmo com o fim da empresa, Eduardo Del Guerra Prota, CEO da operação no País, escreveu no comunicado oficial sobre o "fantástico trabalho" realizado: “A N26 Brasil conseguiu uma forte resposta do público e resultados acima da média do mercado, o que mostra o trabalho fantástico do time brasileiro”.

A empresa acrescentou que os clientes serão contatados por meio dos canais oficiais do banco para informar os próximos passos. Como parte desses trâmites, o aplicativo funcionará até 7 de dezembro. Após esse prazo, suas funções serão limitadas aos pagamentos de parcelas de cartão de crédito e Pix.

Fundado em 2013, presente em 24 países e com uma base de 8 milhões de clientes, o N26 desembarcou no Brasil há exatos dois anos. Na bagagem, o banco trazia um total de aportes de US$ 1,8 bilhão, captado junto a investidores como Coatue, Dragoneer, Third Point e o fundo soberano de Cingapura.

Apesar desse “cartão de visitas”, o percurso no mercado local foi marcado por uma série de percalços. Entre eles, a espera para obter a autorização do Banco Central para operar como Sociedade de Crédito Direto, o que atrasou o início das operações em um ano.

A empresa também teve dificuldades para escalar sua operação, especialmente na comparação com outros players digitais. Em julho, o NeoFeed apurou que o banco contava com pouco mais de 200 mil clientes e um faturamento médio mensal, acumulado de janeiro a maio de 2023, de menos de R$ 1,2 milhão, além de uma carteira de crédito de R$ 40 milhões.

Os acidentes de percurso não estão restritos ao Brasil. Em 2022, o N26 também deixou os Estados Unidos. A saída do mercado americano veio dois anos depois da chegada ao país, onde a empresa atraiu uma base de apenas 500 mil usuários.