Ao divulgar seu balanço do terceiro trimestre, a Hapvida trouxe números em linha com as expectativas e com o caminho de recuperação escolhido pela empresa no início de 2023, diante dos impactos negativos de uma série de M&As. Em particular, a fusão com a Notre Dame Intermédica.

Um dado, porém, destoou dessa “previsibilidade”. A operadora de saúde encerrou o trimestre com uma sinistralidade caixa de 71,9%, o que representou uma queda de dois pontos percentuais sobre o segundo trimestre de 2023 e de 1,1 ponto percentual sobre igual período em 2022.

Essa linha vinha sendo um dos grandes pontos de atenção a cada resultado da companhia. E com o recuo reportado no trimestre, a até pouco tempo grande vilã no balanço ajudou a impulsionar as ações da Hapvida na B3, que chegaram a registrar alta de mais de 5% durante a manhã desta quinta-feira, 9 de novembro.

“Nós reduzimos a sinistralidade em 200 base points, contra um histórico pré-pandemia, do segundo para o terceiro trimestre, de queda de 30 base points”, disse Mauricio Teixeira, CFO da Hapvida, em conferência com analistas.  “E essa é a menor sinistralidade desde que fizemos a associação com a Notre Dame Intermédica.”

O indicador também foi um dos temas do relatório publicado pela XP, que classificou como positivos os resultados reportados pela empresa no período. O único ponto de atenção foi a alavancagem da operação, mas com a ressalva de que o indicador está diminuindo gradativamente.

“O maior destaque, em nossa visão, foi a queda de 2 pontos percentuais, trimestre contra trimestre, da sinistralidade, superando nossa estimativa já otimista e apontando para uma normalização de margem mais acelerada”, escreveram os analistas Rafael Barros e Raphael Elage, da XP, sobre o resultado.

Ao lado da sinistralidade, o foco na recuperação das margens – mantra adotado como norte pela Hapvida desde o início do ano, foi um dos temas recorrentes na call dos executivos do grupo com os analistas.

“A sinistralidade foi positivamente impactada pela recomposição dos tíquetes, através dos reajustes de contratos e das vendas novas, que trouxeram níveis de rentabilidade dentro do que buscamos”, afirmou Jorge Pinheiro, CEO da Hapvida.

Entre julho e setembro, a empresa reportou um tíquete médio mensal de R$ 251,80, o que representou um crescimento de 11,8% sobre o valor registrado em igual período, um ano antes. Já na comparação com o segundo trimestre de 2023, a expansão foi de 2,8%.

Como parte desses esforços, que devem se estender até abril de 2024, a Hapvida registrou reajustes médios, de maio a setembro, em torno de 15%. No segmento de grandes empresas, esse índice foi de 14,8%. Já no segmento empresarial, o patamar foi de 14,4%.

Em outra frente, Pinheiro também pontuou avanços na estratégia de verticalização das três regionais do grupo, dando mais ênfase às estruturas próprias da empresa, em detrimento da rede credenciada. E ainda no processo de integração da Notre Dame Intermédica.

Nesse caso, a companhia estima concluir em dezembro a integração dos sistemas nas operações da “sócia” em Minas Gerais. O mesmo trabalho será feito nas estruturas de São Paulo no primeiro semestre de 2024.

Queda no lucro

Em outros indicadores, a Hapvida encerrou o terceiro trimestre de 2023 com um lucro líquido ajustado de R$ 261,1 milhões, cifra que representou uma queda de 61,5% sobre o valor reportado pela companhia no mesmo intervalo de 2022.

Entre julho e setembro, a receita líquida da empresa teve um avanço de 8,9% na comparação anual, para R$ 6,88 milhões. Principal segmento da operação, a divisão de planos de saúde registrou uma receita de R$ 6,66 bilhões, um crescimento de 10,3%.

O Ebitda ajustado foi de R$ 742 milhões, o equivalente a um recuo de 19,6%. Já a margem Ebitda ajustada de 10,8% representou uma queda de 3,8 pontos percentuais sobre um ano antes. O grupo fechou o trimestre com 15,8 milhões de beneficiários, queda de 0,4% em relação a um ano atrás.

A dívida líquida, por sua vez, totalizou R$ 4,9 bilhões, queda de 23,3% sobre o segundo trimestre de 2022. Já a alavancagem da Hapvida, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, ficou em 1,58 vezes, contra 2,21 vezes, um ano antes.

Os papéis da Hapvida estavam sendo negociados com alta de 1,86% por volta das 13h10, cotados em R$ 4,39. No ano, as ações acumulam queda de 13,5%. O grupo está avaliado em R$ 32,9 bilhões.