Fundada em 1929 e uma das empresas que consolidaram o modelo de lojas de departamentos no varejo dos Estados Unidos, a Macy’s viu suas ações subirem mais de 16% na manhã desta segunda-feira, 11 de dezembro, antes da abertura das negociações na Bolsa de Nova York.
Uma proposta bilionária no balcão da varejista está por trás desse rali no pre-market da bolsa americana: a oferta de US$ 5,8 bilhões das gestoras Arkhouse Management, focada em real estate, e Brigade Capital Management, centrada em varejo e consumo, para fechar o capital da companhia.
Segundo informações do The Wall Street Journal, a proposta em questão foi colocada na mesa no dia 1º de dezembro. Os termos estabelecem o pagamento de US$ 21 por ação, o que representa um prêmio de aproximadamente 32% em relação à cotação do papel no dia anterior à oferta.
A dupla de gestoras já tem uma posição substancial na Macy’s, por meio de fundos administrados pela Arkhouse. E decidiu avançar com essa investida por acreditar que a varejista está subvalorizada no mercado de capitais.
Um dos grandes motivadores da proposta da Arkhouse e da Brigade Capital é o portfólio imobiliário da Macy’s. De acordo com uma projeção feita pelo J.P. Morgan, a soma desses ativos está avaliada em cerca de US$ 8,5 bilhões.
Esses metros quadrados também têm tido destaque em outra frente: a estratégia de reestruturação da varejista, iniciada há pouco mais de três anos, na trilha dos impactos gerados em seu negócio pela concorrente crescente de players digitais.
Um número, em particular, ajuda a traduzir a extensão desse impacto. Em 2015, antes do avanço desses concorrentes digitais, a ação da Macy’s alcançou sua máxima histórica, de US$ 70. Atualmente, os papéis estão sendo negociados na faixa de US$ 17 a US$ 20.
Na tentativa de reverter esse cenário, um dos principais esforços empreendidos pela rede tem sido o fechamento de lojas com desempenho aquém das expectativas. Em 2020, quando esse turnaround teve início, a empresa divulgou a meta de encerrar as operações em 125 unidades, no prazo de três anos.
Em 2023, as últimas movimentações nessa direção passaram pelo encerramento de lojas em cidades nos estados da Califórnia, Colorado, Havaí e Maryland. No balanço dessas medidas, atualmente, a rede da Macy’s tem 489 lojas com sua marca, além de 32 unidades sob a bandeira da Bloomingdale’s.
Em contrapartida, a Macy’s passou a apostar na abertura de lojas com formatos menores, além do lançamento de marcas próprias e da modernização da sua cadeia de fornecedores.
Os últimos dados públicos da operação, relativos ao terceiro trimestre de 2023 e divulgados em meados de novembro, mostraram que a empresa ainda tem um chão a percorrer antes de consolidar uma virada, apesar de alguns indicadores terem superado as estimativas de analistas.
Esse foi o caso do lucro líquido reportado no período, de US$ 43 milhões. Apesar de representar uma queda de 60,1% em relação ao terceiro trimestre de 2023, a última linha do balanço veio acima das projeções do mercado.
O desempenho no indicador foi atribuído a questões como a redução dos estoques e à forte demanda por produtos de beleza entre julho e setembro. Em contrapartida, a receita apurou uma queda de 7,1% em sua receita, para US$ 4,8 bilhões, e sinalizou maior cautela em relação ao último trimestre de 2023.
Com a abertura do mercado, as ações da Macy’s seguiram no mesmo ritmo ditado no pré-market. Por volta das 9h39 (horário local), os papéis estavam sendo negociados a US$ 20,18, com alta de 16,04%. No ano, eles acumulam uma desvalorização de 2,27%. A rede está avaliada em US$ 5,5 bilhões.