No final do ano passado, a Metalfrio deu um passo relevante para resolver a “pedra no calcanhar” de seus resultados. Embora tenha faturado quase R$ 2 bilhões nos acumulados de 2021 e 2022, a fabricante de refrigeradores comerciais vinha sofrendo com sua estrutura de capital, em especial com suas dívidas financeiras, muitas delas vencendo no curto prazo.

Em novembro de 2023, o conselho de administração aprovou a proposta da WNT, que detinha 80% dessa dívida, de realizar um aumento do capital social de cerca de R$ 743 milhões, com emissão de novas ações e opção de subscrição via créditos financeiros. Homologada em fevereiro, a proposta ajudou a companhia a ajustar sua estrutura de capital, considerando que a operação resultou na redução de cerca de 96% da dívida financeira (excetuadas as operações de repasse de recursos do BNDES e de antecipação de receita de exportação).

Com espaço para respirar, a Metalfrio entende que o momento agora é focar na retomada das operações. E um dos primeiros passos será acelerar a frente de serviços, dentro da estratégia de ser mais do que um fabricante e vendedor de geladeiras.

“Com essa parte [dívida financeira] resolvida, a empresa vai continuar na atual proposta de valor, crescendo e investindo muito nesse segmento de serviços e aluguel de equipamentos, uma área que vamos dedicar mais atenção, com mais capital e investimentos”, diz Marcelo Faria de Lima, presidente do conselho de administração da Metalfrio, ao NeoFeed. “É uma área central na nossa estratégia.”

Segundo ele, esse é mais um passo dentro do conceito da Metalfrio de atender os clientes em todos os segmentos, além de representar uma receita recorrente para a companhia, garantindo fluxo de caixa. “Não é só aluguel, a gente entrega todo o serviço, instalação, logística, garantia de performance”, diz.

No quarto trimestre, a receita líquida da divisão somou R$ 97,3 milhões, um aumento de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, ela registrou um faturamento de R$ 365 milhões, crescimento de 13,3% em relação a 2022. No Brasil, o segmento de serviços já representa 27% da receita e quase 50% do Ebitda.

Lima diz que os resultados obtidos neste começo de ano apontam para boas perspectivas para o segmento daqui em diante. “Os clientes têm sido bastante ativos. Só nos dois primeiros meses deste ano a empresa fechou o mesmo volume de contratos que no acumulado do ano passado”, afirma.

Além do ramo de serviços, a Metalfrio tem visto um bom momento nas Américas. No quarto trimestre, as vendas na América do Sul, que responderam por 45% do faturamento total, atingiram R$ 275,2 milhões, aumento de 12,2%.

A América do Norte, por sua vez, registrou um aumento de 54,7% nas receitas, para R$ 83 milhões, graças à recuperação do volume postergado no início do ano e à retomada das compras de dois grandes clientes, com o México sendo o grande destaque dos últimos três meses do ano passado.

Já o grupo composto por Europa, Oriente Médio e África, responsável por 38% da receita, teve um recuo de 10,7% nas vendas, para R$ 176,5 milhões. A situação na Europa segue prejudicada pelo conflito na Rússia e na Ucrânia, dois países em que tem exposição via a subsidiária Senocak. A companhia também tem sofrido com os problemas econômicos da Turquia, país em que também tem exposição direta, com a marca Klimasan.

A Metalfrio fechou o quarto trimestre com um lucro líquido de R$ 32,3 milhões, revertendo o prejuízo apurado no mesmo período de 2022. No ano, ela registrou movimento semelhante, registrando ganho de R$ 8,3 milhões.

A receita cresceu 7,7% nos últimos três meses do ano passado, para R$ 534,7 milhões, mas recuou 1,2% no acumulado de 2023, para R$ 1,96 bilhão. O Ebitda ajustado caiu 30% no quarto trimestre, para R$ 56,6 milhões, e diminuiu 13% em 2023, para R$ 205,9 milhões.

A dívida bruta recuou 7% no quarto trimestre, para R$ 1,5 bilhão, enquanto o caixa caiu 30%, para R$ 181,4 milhões.

Com baixa liquidez na Bolsa, as ações da Metalfrio acumulam alta de 23,6%. O valor de mercado da companhia soma R$ 1,8 bilhão.