Depois de um longo inverno no mercado de IPOs, há quem acredite que dias mais ensolarados já estão por vir. A nova entusiasta para a reabertura do mercado de IPOs nos Estados Unidos é Adena Friedman, CEO da Nasdaq.

Durante sua participação na Consumer Electronic Show, feira de tecnologia que ocorre anualmente em Las Vegas, Friedman afirmou que recentemente quase 100 empresas protocolaram pedidos confidenciais na SEC para iniciarem processos para a abertura de capital na Nasdaq.

"A economia permanece relativamente resiliente”, disse a executiva à Barron's. “Há uma queda na inflação e uma potencial redução na taxa de juros.” Friedman também afirma que as empresas que abriram capital no ano passado “performaram muito bem” na bolsa de valores.

Uma dessas companhias é a Arm Holdings. A fabricante britânica de processadores se tornou pública em setembro do ano passado. Desde então, as ações já subiram quase 15%. O valor de mercado atual é de US$ 71,5 bilhões.

Por outro lado, a Instacart não tem muitos motivos para comemorar. A companhia americana que atua com um negócio de entrega já perdeu 23% de valor de mercado desde o IPO realizado em setembro de 2023. A companhia está avaliada agora em US$ 6,4 bilhões.

Para este ano é esperado que startups veteranas puxem a fila dos IPOs nos Estados Unidos. Entre as postulantes estão Shein e Reddit. Ambas operam há mais de uma década. Startups mais jovens como a Skims, de Kim Kardashian, e a Liquid Death, de água em lata, também podem figurar na bolsa.

O mercado de IPOs vinha em ritmo lento nos últimos dois anos. Um estudo realizado por Jay Ritter, professor na Universidade da Flórida, aponta que foram registradas apenas nove IPOs de empresas de tecnologia em 2023 e somente seis em 2022. Já em 2021 foram 121 IPOs.

A expectativa é de que as primeiras aberturas de capital aconteçam já no primeiro trimestre com empresas do setor de saúde e de tecnologia. Ainda que esteja otimista, Friedman lembra que ainda podem existir “choques no sistema” e que vivemos em um “mundo complicado”.

Friedman também afirmou que espera um aumento nos M&As em 2024. Isso está previsto pela redução na taxa de juros, o que deve diminuir o custo do capital para que os investidores possam realizar tais movimentos.

O movimento nos Estados Unidos pode animar empresas brasileiras de tecnologia a encarar um IPO por lá como também injetar ânimo no mercado nacional.

Por aqui, ainda não há uma previsão de quando a janela dos IPOs abrirá, mas a expectativa é boa. Ao programa É Negócio, uma parceria entre o NeoFeed e CNN Brasil, Gilson Finkelsztain, CEO da B3, afirmou nesta semana que "a perspectiva para bem mais positiva" para o mercado de IPOs no Brasil.

"A gente tem menos incertezas no horizonte. O cenário político está muito mais calmo", disse Finkelsztain. "Então a gente parece estar com uma calmaria que é uma condição necessária, mas não suficiente, para o mercado de capitais começar a decolar de novo.”