Marca alemã de artigos esportivos, a Puma tem visto suas ações cumprirem um trajeto de altos e baixos nos últimos três meses. A largada para esse percurso foi dada com os rumores de que a Artemis, holding da família Pinault, estaria disposta a vender sua fatia de 29% na operação.

Agora, uma nova etapa desse circuito está movimentando novamente os papéis da companhia. Segundo a Bloomberg, a Anta Sports, empresa chinesa de artigos esportivos, é uma das empresas que está explorando uma possível aquisição da Puma.

Com o novo rumor, as ações da Puma registravam alta de 16,36% na Bolsa de Frankfurt por volta das 15h10 (horário local), cotadas a € 19,78. No acumulado de 2025, os papéis registram, porém, uma queda de 56%. A empresa está avaliada em € 2,93 bilhões.

De acordo com pessoas familiarizadas com esse interesse, a Anta Sports tem trabalhado com consultores para avaliar uma possível oferta. E, nesse processo, a empresa pode se associar a uma gestora de private equity caso decida seguir com a proposta.

Dona de marcas como Fila e Jack Wolfskin, e patrocinadora de estrelas da NBA, a liga de basquete profissional americano, como Kyrie Irving e Klay Thompson, entre outros nomes, a Anta já recorreu a esse modelo em outras aquisições.

Em 2019, a companhia chinesa liderou um consórcio com a gestora asiática FountainVest Partners para a aquisição da Amer Sports, dona de marcas como Salomon. O acordo foi fechado por US$ 5,2 bilhões. Em 2024, a Amer abriu capital na Bolsa de Nova York e a Anta seguiu como sua principal investidora.

A Anta Sports não é, porém, a única disposta a entrar no páreo pela Puma. As mesmas fontes observaram que a lista de potenciais interessados inclui ainda uma outra marca chinesa, a Li Ning Co., que tem discutido opções de financiamento enquanto avalia o ativo. Além da japonesa Asics Corp.

Todas essas avaliações ainda são preliminares e não está claro quais dessas empresas farão efetivamente uma proposta pela companhia. Entretanto, as expectativas de avaliação da Artemis, controladora da Puma, podem representar um grande obstáculo para um acordo, segundo as fontes.

Maior acionista individual da fabricante alemã, a Artemis controla a Kering, que é dona de marcas como Balenciaga, Saint Laurent e Gucci, grife que é a principal operação nesse pacote e que, nos últimos anos, perdeu fôlego comercial e viu suas margens cada vez mais pressionadas.

Diante desse contexto, a família Pinault encontrou na diversificação de ativos uma alternativa para reduzir o risco dessa exposição à Gucci. E a Puma foi justamente um dos investimentos nessa direção. Entretanto, a marca esportiva também anda “mal das pernas”.

A empresa alemã tem sofrido com a desaceleração nas vendas globais e a concorrência cada vez mais acirrada com outras marcas gigantes do setor. Nesse cenário, a Puma ocupa hoje a terceira posição no ranking global, atrás de Nike e Adidas.

Nos números mais recentes da operação, relativos ao terceiro trimestre, a companhia reportou vendas globais de € 1,95 bilhão, queda de 10,4% sobre igual período, um ano antes. O balanço trouxe ainda um prejuízo de € 62,3 milhões, revertendo o lucro de 127,8 milhões no mesmo intervalo de 2024.

Para recuperar o fôlego, a empresa tem apostado em novas lideranças. A começar pelo CEO Arthur Hoeld, que assumiu o posto em abril desse ano. Já em julho, a companhia nomeou Andreas Hubert, um veterano da indústria e ex-executivo da Adidas, como diretor de operações.

Como parte de suas iniciativas mais recentes, divulgadas em outubro, juntamente com o balanço, a Puma anunciou que planeja cortar mais de 900 postos de trabalho e vai concentrar seus esforços nos segmentos de corrida, treinamento e futebol, esporte em que patrocina a seleção portuguesa e o Manchester City.