Convivendo com dificuldades nos segmentos em que atua desde o ano passado, a Sequoia Logística fechou mais um trimestre em campo negativo, e vendo uma piora nas principais linhas de seu balanço.
A empresa de logística encerrou o segundo trimestre com um prejuízo de R$ 149,3 milhões, aumento de 5,8 vezes em relação ao prejuízo apurado no mesmo período de 2022. Já a receita caiu 61,5%, para R$ 191,3 milhões, e o Ebitda ficou negativo em R$ 64,4 milhões, revertendo o resultado positivo de R$ 75,8 milhões de um ano atrás.
Além de lidar com a desaceleração do e-commerce e a restrição do crédito em função do caso Americanas, que prejudicou o capital de giro, a Sequoia teve de arcar com as consequências da reestruturação de suas atividades, em especial a parte de pesados, que impactou o desempenho da receita e elevou as despesas do período.
Desde o começo do ano, as ações acumulam queda de 66%, levando o valor de mercado a R$ 207 milhões. Para reverter esses números já neste segundo semestre, a Sequoia tem feito ajustes na sua operação - mesmo que isso signifique um menor nível de receita.
“Imaginamos que, a partir do segundo semestre, teremos a companhia equacionada para o novo tamanho de receita, nos segmentos que a gente fica e conhece bem, em que operamos de longa data e em que temos rentabilidade”, diz Armando Marchesan, CEO da Sequoia Logística, ao NeoFeed.
A primeira medida foi encerrar a unidade de e-commerce de produtos grandes, denominado no mercado de “médio rodo” e “rodo pesado”. Há três anos, a empresa havia entrado no segmento com a aquisição da Prime Express.
Segundo Marchesan, a companhia não conseguiu integrar bem a atividade à sua plataforma de logística. E com os sites de e-commerce reduzindo os incentivos para a compra de produtos linha branca e marrom (o frete grátis entre eles) visando melhorar a rentabilidade, o segmento de pesados da Sequoia ficou desde o segundo semestre do ano passado operando com altos níveis de ociosidade.
A companhia decidiu zerar a operação e incorreu em uma série de gastos, que acabaram respondendo por uma parte da alta de 29% das despesas operacionais no segundo trimestre, para R$ 69,1 milhões.
Nas contas de Marchesan, o conjunto de decisões tomadas, que vão de redução de bases e centros de distribuição ao corte nas despesas com pessoal e serviços de terceiros, resultaram numa economia de cerca de R$ 112,1 milhões no primeiro semestre.
E a projeção é obter uma redução de mais R$ 22,7 milhões no segundo semestre com ajustes adicionais, entre custos fixos, variáveis, instalações prediais e despesas gerais e administrativas.
Estrutura mais leve
Sem a parte de pesados, a Sequoia vai focar em três frentes. A primeira é chamada de expresso, serviço para clientes que precisam chegar rapidamente aos seus destinos, seja por meio de caminhões ou avião.
O segundo negócio da companhia é o de logística e field services, que envolve prestação de serviços de armazém, separação de pedidos e expedição. Ambos tiveram aumentos de 18% e 5% da receita bruta no segundo trimestre, em base anual, respectivamente.
O terceiro, de encomendas, realiza os chamados first mile, de coleta de produtos com sellers dos marketplaces, ao last mile, de entrega ao consumidor final. Somente esta área representa metade da receita da Sequoia. Essa parte viu um recuo de 45%, em parte por conta do fim do segmento de pesados.
A retomada, porém, ainda é tímida. Depois de atingir os níveis mais baixos de faturamento em junho e julho, Marchesan aponta que a empresa deve ter um faturamento adicional de R$ 12 milhões em agosto por conta de 36 novas rotas e serviços contratados, com expectativa de chegar a R$ 30 milhões por mês. “Em geral são seis meses para atingir o potencial total daqueles contratos, numa implementação suavizada”, diz o executivo.
De olho na dívida
A Sequoia também foi duramente prejudicada pela interrupção abrupta das linhas de risco sacado, o que pesou sobre o capital de giro e afetou os serviços e o faturamento do segmento de leves.
Segundo Marchesan, a companhia conseguiu equacionar a situação com a chegada de R$ 99 milhões, fruto de um aumento de capital anunciado em abril. A situação ajudou a elevar o caixa da companhia, de R$ 62,9 milhões ao final de março, para R$ 89,4 milhões no fim do segundo trimestre.
Mas a Sequoia segue numa situação complexa. O endividamento subiu 7,5% entre os trimestres, para R$ 736,4 milhões, e a relação entre a dívida líquida e o Ebitda foi de 3,2 vezes para 7,6 vezes, forçando a empresa a convocar uma assembleia de debenturistas no final de junho para aprovar um waiver ao cumprimento do índice financeiro no terceiro trimestre.
“O ponto agora é o equilíbrio operacional, sair fortalecido na prestação de serviço aos nossos clientes. Esse é o nosso foco e energia agora”, diz ele.