A Unilever, dona de marcas como Dove, Omo e Kibon, está aumentando de três para cinco suas divisões independentes e cortando mais de 1,5 mil empregos após uma fracassada tentativa de comprar a unidade de saúde ao consumidor da GlaxoSmithKline, uma oferta que chegou a US$ 68 bilhões.

A reestruturação acontece após insatisfação dos investidores com desempenho da companhia e é um sinal de que a Unilever se prepara para enfrentar a Trian Fund Management, do investidor ativista Nelson Peltz, que comprou uma fatia não revelada da companhia anglo-holandesa.

A companhia agora funcionará com cinco divisões focadas nas categorias beleza e bem-estar, cuidados pessoais, cuidados com a casa, nutrição e sorvetes. Antes, eram apenas três: alimentos e bebidas, beleza e cuidados pessoais e atendimento domiciliar.

“O crescimento continua sendo nossa principal prioridade e essas mudanças sustentarão nossa busca por isso”, disse Alan Jope, CEO da Unilever, em um comunicado, nesta terça-feira, 25 de janeiro.

Apesar de aumentar o número de divisões independentes, a Unilever está promovendo um corte de empregos com a reestruturação. A companhia estima que o novo modelo vai reduzir 1,5 mil cargos ao redor do mundo. Hoje, a companhia emprega quase 150 mil pessoas.

A nova divisão de beleza e bem-estar incluirá vitaminas, bem como cuidados com os cabelos e cuidados com a pele. Já a área de cuidados pessoais incluirá limpeza de pele, desodorantes e marcas de higiene bucal.

O braço de nutrição ficará responsável por linhas como Knorr e um grupo de alimentos que a Unilever está descrevendo como lanches saudáveis, como sua marca Graze.

Estão também incluídos nessa área os chamados produtos de nutrição funcional, como sua bebida de malte Horlicks, alternativas de carne à base de plantas e seu negócio que vende ingredientes para restaurantes e escritórios.

Ao mesmo tempo, a empresa indicou que planeja vender alguns negócios como parte de seu esforço para reorganizar seu portfólio para categorias de maior crescimento, como saúde.

“O novo modelo operacional anunciado hoje pode facilitar os desinvestimentos, mas preferimos que eles se concentrem em reinvestir a economia de custos em suas marcas e categorias”, disse James Edwardes Jones, analista do banco de investimento RBC Capital Markets, ao jornal The Wall Street Journal.

As ações da Unilever subiram apenas 4,4% desde que recusou uma oferta Kraft Heinz de US$ 143 bilhões há quase cinco anos. No ano passado, os papéis 11,8%, enquanto o crescimento das vendas ficou atrás de rivais como a Nestlé. Atualmente, a companhia vale US$ 138,5 bilhões

Alguns investidores, como o acionista Terry Smith, da Fundsmith, também criticaram o foco da empresa em metas ambientais e sociais. Por outro lado, vários fundos de pensão estatais dos EUA se desfizeram das ações da Unilever depois que sua divisão de sorvetes Ben & Jerry's optou por encerrar as vendas no territórios palestinos ocupados.